O que é que torna próximas, desde o primeiro dia, Beatrice, a narradora, e a soberba Andréa que foi, durante tantos anos, a amante do seu marido?
Uma amizade? Uma cumplicidade tácita?
Ou a necessidade que cada uma dessas mulheres tem da outra para conseguir fazer face á personalidade dominante de um mesmo homem: Christian?
A esposa e a amante vão triunfar sobre o desafio de não serem rivais nem, parece, ciumentas.
Tolerando-se reciprocamente, entreajudam-se, trabalham até em conjunto, sem todavia nunca falarem abertamente do seu «arranjo».
Béatrice, cansada e doente, satisfaz-se a maior parte das vezes em sonhar e observar. Christian e Andréa, pelo contrário, trabalham noite e dia na criação do mais prestigiado semanário do pós-guerra.
Imoral, esta dupla ligação? No entanto, habitual e até banal, mesmo que não seja normal, para uma esposa, prestar qualquer espécie de homenagem à amante do seu marido.
Na verdade, como muitos homens, Christian acabará por se divorciar de uma e romper com a outra, virando-se para aquilo que é sem dúvida o seu verdadeiro amor: as suas realizações.