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Sinopse

Por vezes, antes de escrever, penso que a actualidade que se espera da crónica está inquinada à partida por uma confusão entre o que é de hoje (o que está a acontecer) e o que pode ser actual. Actual pode ser, tanto o que foi de ontem como o que será ainda de amanhã. O meu modo de ver, à primeira vista uma fuga ao contingente, nasce de facto da atenção à pura contingência; e parecendo ignorar os acontecimentos, não fecha os olhos ao que acontece. O que acontece é que o meu olhar prefere muitas vezes deter-se no insignificante que me acontece, e não tanto no que de significante parece estar a acontecer no mundo. Heidegger comentava o conceito de 'acontecimento', a partir da raiz germânica dos elementos que constituem a palavra em alemão, como uma súbita singularidade que se nos oferece ao olhar.

Uma das coisas que sempre me acontecem, quando chega Outubro, são as experiências dos fins de tarde, a uma luz que muitas vezes faz parar o mundo. Nada acontece lá fora, tudo começa a bulir cá dentro. E, no entanto, foi lá fora que alguma coisa se passou: o que aconteceu foi simplesmente - a luz. Olho pela janela. A vidraça enquadra apenas: um pedaço de mar em baixo, de um verde carregado, uma faixa púrpura-alaranjada a meio, um céu alto, entre o azul pálido e o quase branco, em cima.

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Autor

João Barrento

Ensaísta e tradutor, João Barrento publicou diversos livros de ensaio, crítica literária e crónica, e traduziu literatura de língua alemã, do século XVII à actualidade (Goethe, Benjamin, Celan, entre outros). Tem sido distinguido com inúmeros prémios, de que é exemplo o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, 2012.

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