Detalhes do Produto
- Editora: Frases de Papel
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- Ano: 2023
- ISBN: 9789895363230
- Número de páginas: 240
- Capa: Brochada
Sinopse
Era uma vez um homem, rapaz ainda novo, que sonhava sonhos que inventava só para si, para não sentir a solidão.
Tudo para ele era e não era, numa busca torturante do encontro de si consigo mesmo e de si com o que poderia criar, a partir dos sonhos que sonhava, mas que depois esquecia — como que os desfazia. Tal e qual outra Penélope.
Como escreveu Álvaro de Campos: “O que basta acaba onde basta, e onde acaba não basta.”
Mas para ele nada acabava, porque também para ele nada começava. Vivia num entre qualquer coisa e qualquer coisa que sentia muitas vezes, mas que nem sequer conseguia sonhar.
Um dia apaixonou-se, nunca chegando a perceber se por uma rapariga de olhos azuis-mar, ou se pela Marta (que era o nome dela), ou se por uma rapariga em tons de azul que tinha amado em tempos, de um azul como o dos hábitos dos frades lóios.
Mas ela era apenas o sonho dela, não era ela, e tão pouco o sonho dele, porque ela recitava constantemente, como se fosse um mantra hindu, um poema de Reinaldo Ferreira:
Mínimo sou,
Mas quando ao Nada empresto
A minha elementar realidade,
O Nada é só o resto.
E ele adormecia de um cansaço tão grande que nem conseguia sonhar o resto do sonho.
Foi então quando ele, um dia, caiu na sua elementar realidade e se deixou levar pela corrente de um rio abaixo, como um peixe morto, incapaz de voltar à fonte de onde brotara — o Sonho.
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