Este romance é dominado pela personagem de Domingos Fabião, síntese de uma geração de universitários, alguns provenientes das ex-colónias, que cedo adquiriram consciência do regime que vigorava em Portugal, acabando por se envolver activamente na luta política pelo derrube da ditadura. Desde a participação nas actividades associativas das suas faculdades, à intervenção no processo revolucionário, ao apoio aos trabalhadores da Reforma Agrária, e à luta política e sindical, esse é o roteiro descrito neste romance.

É, simultaneamente, a história da sua militância no PCP, e do processo que levou à ruptura com este partido, mantendo-se, embora, dentro do ideário comunista, e continuando a participar na vida política orientados pelos seus princípios. Inconformados com a perda de influência política do seu partido, é ainda enquanto seus militantes que procuram reorientar a acção partidária, fazendo aprovar, pelo Comité Central, uma deliberação contendo as principais linhas da nova organização partidária, acabando, no entanto, mais tarde, por serem derrotados num ambiente de intenso confronto político.

Pode-se dizer desta geração que muita da sua vida se realizou em torno da actividade político-partidária, e parafraseando a conhecida declaração de Samuel Beckett, tentou sempre de novo, falhou muitas vezes de novo, mas falhou sempre melhor.