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Sinopse

Na primeira metade do século XX, em Portalegre, António é um homem comum, canastreiro de profissão, habitando nas Covas de Belém com a sua mulher e seus doze filhos, que vai fazendo a sua vida igualmente comum, sem história alguma vez contável por via erudita; ao mesmo tempo, assistimos ao quotidiano da cidade dita “branca”, num registo oposto à mítica “Toada de Portalegre”, porque a cidade cresceu também sem poesia. É desse mundo longe dos olhares idílicos dos poetas que se dá a conhecer a vida real de quem também construiu a cidade com suor, fome, trabalho duro e com pouca indulgência. António teve doze filhos bons, mas ele conseguiu ser um exemplo de um homem mau e é também a história da construção dessa maldade genuína, sem dissimulações nem jogos de poder, que podemos perceber em todos os locais da cidade e do campo em volta de Portalegre. Ao mesmo tempo, este é também um romance histórico, em que precisamente a cidade de Portalegre é a protagonista. A Portalegre de Régio é a que todos guardam na memória, mas esta memória não tem nada a ver com aquilo que foi a vida real na cidade durante a Ditadura. Por isso, este romance é sobre a cidade de que Régio nunca falou. Por aqui passaram reis e ditadores da Nação e escritores como Fernando Pessoa, e deles se dará notícia romanceada, mas é o povo, esse anti-herói da vida real que toma o palco quase sempre, mostrando o seu saber sem vaidade, a sua linguagem vernácula, a sua fome e a sua sobrevivência sem desculpas, porque mesmo os homens maus podem conseguir morrer com dignidade.

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Autor

Carlos Ceia

CARLOS CEIA Professor associado com agregação da Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas Modernas, na Secção de Estudos Ingleses e Norte-Americanos. Doutor em Hispanic Studies (Cardiff, 1993); Agregado em Teoria da Literatura (Universidade Nova de Lisboa, 1999). É docente de Teoria da Literatura e Literatura Inglesa Contemporânea. É investigador do Centre for English, Translation and Anglo-Portuguese Studies, da FCSH/UNL e FLP/UP, onde dirige o grupo de investigação Literature, Media and Discourse Analysis, que inclui o projecto de E-Dicionário de Termos Literários, com vasta equipa de académicos portugueses e brasileiros. Foi vice-presidente do Conselho Científico da FCSH (2001-2003). Foi o primeiro coordenador do Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas Modernas (2004-06). Os seus livros mais recentes incluem: De Punho Cerrado - Ensaios de Hermenêutica Dialéctica da Literatura Portuguesa Contemporânea (1997), O Que É Afinal o Pós-modernismo? (1998), A Literatura Ensina-se? — Estudos de Teoria Literária (1999) O Que É Ser Professor de Literatura? (2002), Comparative Readings of Poems Portraying Symbolic Images of the Creative Genius (2002), O Estranho Caminho de Delphos: Uma Leitura da Poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen (2003) e Sexualidade e Literatura (2003), A Construção do Romance - Ensaios de Literatura Comparada no Campo dos Estudos Anglo-Portugueses (2007). Publicou em 2004 o seu primeiro romance: O Professor Sentado: Um Romance Académico. Coordena os mestrados em ensino de Inglês e de formação inicial de professores da FCSH. É director do Instituto de Línguas da UNL (ILNOVA), de que é seu fundador (2006).

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