Com Aprender , estamos perante uma notável compilação de textos sobre o ensino de hoje e os imperativos de atualização constante dos seus modelos e métodos, escritos por um conjunto de especialistas de projeção internacional. É uma reflexão serena e de alto nível pedagógico, cujo registo é próprio de quem conhece o ensino, as suas exigências e as suas lacunas; transcrevemos algumas passagens do livro, demonstrativas do conjunto dos breves ensaios que o compõem:
«Ter sucesso na vida não se resume a passar para a classe seguinte graças aos saberes escolares acumulados: todos temos de encontrar uma saída no mundo do trabalho. Mas não é menos verdade que é perigoso delimitar o útil de hoje relativamente às incertezas de amanhã. Além disso, motivar os alunos só para o útil torna-os utilitaristas e mata o sentido de todas as aprendizagens. Permanece a questão de saber que tipo de educação estaremos a promover se aceitarmos esta ditadura do útil. A filósofa Martha Nussbaum preconiza, ao contrário, uma educação que desenvolva a independência do espírito, a imaginação e a capacidade de empatia e, para esse fim, baseada nas humanidades e nas artes.» Marie Duru-Bellat
«O objectivo do ensino só pode ser facilitar a mudança e a aprendizagem. O único indivíduo formado é o que aprendeu a aprender, a adaptar-se e a mudar, é aquele que aprendeu que nenhum conhecimento é certo e que só a capacidade de o adquirir pode conduzir-nos a uma segurança fundamentada. A capacidade de mudar e a confiança na nossa capacidade são, no mundo de hoje, os únicos objetivos que o ensino pode visar e que têm sentido.» Carl Rogers, citado por Véronique Bedin
Entre tantos textos notáveis, recomendamos em particular a leitura de "Podemos dispensar os professores?" e "A autoformação, do passado ao presente", os quais, até pela acessibilidade da sua linguagem, são exemplo da variedade e riqueza conceptual da obra. Embora a raiz de parte da problemática tratada esteja focada em França, não esqueçamos que, por um lado, a dinâmica do desenvolvimento do ensino é hoje, mais do que nunca, planetária, e que, por outro, a França, em matéria de educação, é o país pioneiro em ideias inovadoras.

Com os contributos de: Claude Bastien, Gilles Brougère, Philippe Carré, Marcel Crahay, Jean François Dortier, Michel Fayol, Marie Duru-Bellat, Fabien Fenouillet, Martine Fournier, Diane Galbaud, Juliette Galeazzi, Jacques Grégoire, Olivier Houdé, François de Singly, Fabien Trécourt, André Tricot.