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Aquele que é Digno de ser Amado

Abdellah Taïa

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Sinopse

Aquele Que É Digno de Ser Amado é um breve romance epistolar de 2017 composto por quatro cartas enviadas ao longo de vinte e cinco anos por três pessoas, através das quais acompanhamos Ahmed, marroquino homossexual que reside em Paris. Cartas de amor, ternas e lascivas à vez; cartas de despedida e gritos de raiva, cabem nestas missivas sonhos frustrados, a perda da inocência, e críticas ferozes ao neocolonialismo e à quimera do mundo ocidental.

«Aqueles que são como eu sou hoje em dia, cruzo-me com eles aqui em Paris desde que cheguei. Vêm também eles de Marrocos ou dos países em volta. São homossexuais. Têm agora quase sessenta anos e dizem que a França os salvou. Faz-me rir por dentro cada vez que os ouço falar assim de uma França que emancipa e dá as chaves indispensáveis à liberdade. Tretas! Só tretas, toda essa linguagem. Os árabes paneleiros que procuram abrigo em França são tratados da mesma maneira que os outros emigrantes. Uma divisória preparada para eles há várias décadas, há vários séculos, espera por eles, fecha-os lá dentro. Para serem aceites pelos franceses, falam a sua linguagem teórica, abstracta, fumosa. Com os anos que passam, depressa, deixam de se atrever a matizar as suas palavras, a colocar nelas algo daquilo que são no fundo, da primeira terra onde aprenderam tudo sobre a vida. Estão integrados. São aceites. São livres. Dizem-no e voltam a dizê-lo. Podem enganar os outros, os franceses, com as suas afirmações. Não a  mim.»

Tradução de Diogo Paiva.

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Autor

Abdellah Taïa

Abdellah Taïa nasceu em Salé, próximo de Rabat, em Marrocos, a 8 de Agosto de 1973.

Cresceu numa família modesta e numerosa, de nove irmãos, e cedo se interessou pelo mundo do cinema. Foi, porém, Literatura Francesa que estudou, primeiro na Universidade de Rabat, mais tarde em Genebra, e veio a concluir o doutoramento na Sorbonne, com uma tese sobre Fragonard.

O gosto pela escrita surgiu-lhe ainda nos tempos de faculdade, e, em 2000, publicou o seu primeiro livro de contos; Mon Maroc, onde revive memórias de infância num registo autobiográfico. Aventurou-se, desde então, em peças de teatro, colaboração com outros autores, e vários romances, de que se destaca L’armée du salut, de 2006, que o próprio adaptou ao cinema e realizou, apresentando a sua primeira longa-metragem em 2014, e pelo qual recebeu o Grande Prémio do Júri no Festival Premiers Plans d’Angers; e Le Jour du roi, de 2010, que lhe valeu o Prix de Flore.

Oriundo de um país onde a homossexualidade é crime, Abdellah Taïa foi o primeiro escritor do mundo árabe a assumir a sua homossexualidade, numa carta publicada em 2006 no semanário Tel Quel; «Homossexualidade explicada à minha mãe». Homossexual árabe, e jovem marroquino que foi viver para França; eis as temáticas que atravessam a obra de Taïa, que, apesar de escrever em francês, e dos vinte anos que já leva a residir em França, escreve sobre o seu país sem nunca denunciar essa distância.

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