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Sinopse

“Em Outubro de 1929, Crevel [1900-1935] está deitado ao pé das pinturas de [Marie] Laurencin, transportado aos 1263 metros de altitude do sanatório de Leysin.
Não o deixam sair, porém, da cama de rodas empurrada até à janela para observar um voo de corvos suíços que têm, diz ele, as patas vermelhas. Nestes dias lembra-se de ter prometido a Marie um texto sobre as irmãs Brontë, para ela ilustrar. Crevel admira estas virgens do Yorkshire, perturbadas por sonhos violentos e embriagadas com vento; aquele irmão, bebedor de whisky e suco de papoila, incapaz de se refrear perante tudo o que mais ama.
[…]
Capaz de transtornos surrealistas na vida de um sanatório e num romance, cem anos antes o vento perturbara com o seu vinho as três virgens expostas às correntes de ar do Yorkshire. René Crevel pensa sobretudo em Emily, autora do meteoro conhecido em português por O Monte dos Vendavais, no seu irmão Patrick Branwell, tocado por uma perversidade estranha aos bons comportamentos do presbitério de Haworth, e que nunca soube levar a fecundas exaltações o seu paraíso artificial
Crevel via corvos com patas vermelhas mas pensava nas irmãs Brontë. Escrevia Filhas do Vento, que a eficiência de Marie Laurencin fez aparecer três meses depois nas Éditions des Quatre Chemins, acompanhado por cinco litografias suas, e com o destino evidente das mãos dos bibliófilos da capital, os que fossem capazes de apanhar a tempo um dos seus escassos cento e vinte e cinco exemplares.”
Aníbal Fernandes

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Autor

René Crevel

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