Foi nas noites em claro da vibrante Montevideu dos anos 70
que Eduardo Galeano escreveu esta «bíblia da América
Latina», um clássico do anti-imperialismo e símbolo,
infelizmente actual, da luta contra a opressão. Banido por
ditaduras sul-americanas, AS VEIAS ABERTAS (1971) é o relato
implacável de cinco séculos de pilhagem de um promissor
continente pela Europa e pelos EUA, e uma obra essencial
sobre a exploração do homem pelo homem. Esta contrahistória notável de um continente exangue, fundindo crónica
e relato, dados económicos e sociais, devolve-nos o olhar dos
vencidos e traça as injustiças e o saque constante operado
pelo estrangeiro, desde a chegada dos primeiros
conquistadores até à ocupação pelas multinacionais norteamericanas. Inspirou e continuará a inspirar gerações de
activistas em todo o mundo.
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Eduardo Galeano
Eduardo Galeano (1940-2015) – «inimigo da mentira e da indiferença», segundo John Berger – notabilizou-se como um dos mais apaixonados ativistas e escritores latino-americanos. Nos cafés de Montevideu, despertou para o «arco-íris da humanidade», para o colorido das gentes e dos pequenos gestos, e aprendeu a escutar a dignidade das vozes das ruas. Com um percurso intensamente político, Eduardo Galeano foi, nos anos 60, editor do mítico Marcha, principal jornal de esquerda uruguaio, e, se sonhara ser jogador de futebol em criança, cedo se tornou um ponta-de-lança dos oprimidos e dos sem-voz, fintando o silêncio a que estavam condenados. A publicação de Veias Abertas condenou o autor à prisão e forçou-o ao exílio na Argentina, onde esteve nas listas dos esquadrões da morte, e em Espanha. A sua voz alimentou o fogo de movimentos contestatários, ecoou entre o nevoeiro do Chiapas, em 1996, e entre os indignados de Madrid, em 2011. Na sua obra premiada, alheia a géneros, destacam-se a trilogia Memória do Fogo (1982-86), O Livro dos Abraços (1989), As Palavras Andantes (1993), Espelhos (2008) e Mulheres (2015).
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