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Sinopse

«É certo que os cinco livros da «Autobiografia» ["A Causa" (1975), "A Cave" (1976), "A Respiração" (1978), "O Frio" (1981) e "Uma Criança" (1982)] servem a Bernhard para dar a conhecer o que foi a sua infância e a sua juventude, mas sempre na medida em que esses períodos da sua vida e os acontecimentos por ele narrados foram relevantes para a sua obra literária. O escritor enfatiza os momentos que o marcaram para o resto da existência, faz notar os seus problemas, os seus erros, as fraquezas e os aspectos contraditórios do seu carácter, mas também as suas grandes decisões, a sua independência, a sua força de vontade, a sua natureza insubmissa e inconformada, mesmo na luta pela própria vida. […] ficção e biografia interpenetram-se em Bernhard de uma forma nem sempre clara, porque ambas participam igualmente da sua escrita enquanto obra de arte e ambas se completam e explicam reciprocamente. […] Na verdade, esse período da infância e juventude—e a ele se limita a Autobiografia—influencia decisivamente a personalidade do escritor, modela o seu carácter e de certo modo constrói as bases da sua carreira literária. Pode-se mesmo dizer que, sem conhecer as suas origens, as circunstâncias em que se verificou o seu nascimento, o que ele foi em criança e as provações por que passou na adolescência, não será fácil compreender devidamente a sua obra.»José A. Palma Caetano, Introdução.

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Autor

Thomas Bernhard

Thomas Bernhard, um dos mais importantes romancistas e dramaturgos austríacos, nasceu em Fevereiro de 1931, em Heerlen, nos Países Baixos.

A sua mãe regressou a Viena em 1932, tendo confiado o filho aos avós. Foi assim que o autor de O Náufrago passou os primeiros anos em Seekirchen, nos arredores de Salzburgo, tendo tido uma relação feliz com o seu avô, o escritor Johannes Freumbichler.

Quando tinha sete anos, atingido já pela doença pulmonar que marcaria toda a sua vida, foi viver com a mãe para a Baviera, onde os seus avós se instalaram no ano seguinte.

Em 1942, frequentou um centro de educação nacional-socialista para crianças na Turíngia, onde sofreu graves humilhações. Em 1943, foi colocado num internato nazi em Salzburgo, aonde regressou após uma estada na Baviera.

Já depois da guerra, aos dezasseis anos, abandona os estudos liceais e emprega-se como aprendiz numa mercearia. Aí contrai uma grave pleurisia, que faz com que os médicos o considerem condenado. Abandona o hospital em 1951, mas, a partir daí, a sua vida é perturbada por operações aos pulmões e internamentos hospitalares. Após a morte do seu avô em 1949, Thomas Bernhard aproveita os períodos de internamento para escrever poesia.

Em 1950, encontra no sanatório Hedwig Stavianicek uma mulher trinta e cinco anos mais velha do que ele, que será até ao fim da vida sua companheira, apoio moral e financeiro e a primeira leitora dos seus livros.

Entre 1952 e 1954, colabora em jornais e publica os primeiros poemas, ao mesmo tempo que estuda no Conservatório de Música e Artes Dramáticas de Viena e no Mozarteum em Salzburgo (Bernhard tem uma excelente voz de barítono).

Frequenta a sociedade intelectual vienense, de que se tornará crítico impiedoso.

O êxito, em 1963, do primeiro romance, Geada, permite-lhe adquirir uma quinta em Ohlsdorf, na Alta Áustria. É nessa região que acaba por se fixar e onde escreve, embora viaje frequentemente para Portugal, Espanha, Itália, a Jugoslávia e a Turquia.

É ao longo destes anos que a sua prosa, caracterizada por longas frases, repetidas até à obsessão, como ecos variados de si próprias, de estilo polifónico, se vai definindo. É, em geral, composta por um monólogo ininterrupto, de uma personagem misantropa, que vai ajustando contas com a mediocridade, o modo de vida e as instituições da Áustria.

Entre 1975 e 1982, publica cinco volumes de pendor autobiográfico. Os seus principais romances surgem nos anos 80, como é o caso de O Sobrinho de Wittgenstein (1982), que retoma a sua experiência de internamentos hospitalares e a sua amizade com Paul Wittgenstein, e O Náufrago (1983), que aborda a vida e a morte de Glenn Gould e de Wertheimer.

Thomas Bernhard é também conhecido como dramaturgo. Ein Fest für Boris (1970), O Presidente (1975) e O Reformador (1979) causam escândalo. Um artigo sobre o teatro de Salzburgo fez com que lhe fosse movido um processo por difamação. Em 1968, o seu discurso ao receber um prémio do Estado austríaco para a literatura leva os representantes oficiais a abandonarem a sala.

Thomas Bernhard morreu em Fevereiro de 1989.

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