Antónia Gertrudes Pusich

Nascida em Cabo Verde há mais de duzentos anos, Antónia Gertrudes Pusich foi uma mulher luso-croata que conquistou Lisboa em meados do século XIX. Nasceu em berço protegido, frequentou a corte, os salões aristocráticos e burgueses, mas veio a morrer na penúria, num modesto apartamento da Rua de S. Bento, diante do Parlamento, cujas sessões frequentou. O inconformismo perante a mediocridade do destino reservado ao seu sexo impeliu-a a fazer da imprensa a sua tribuna, tornando-se a primeira mulher a fundar, possuir, dirigir e redigir jornais em Portugal. Poetisa e dramaturga, defensora do Trono e do Altar, mas também da liberdade e da educação universal, feminista e maçona, Antónia Pusich despertou simpatias e antipatias à esquerda e à direita. Foi uma figura fascinante, simultaneamente conservadora e progressista, que ousou penetrar em domínios vedados às mulheres, como a Maçonaria e a imprensa.