António Sardinha

António Sardinha (1887-1925) foi um ensaísta, poeta e intelectual português.

António Maria de Sousa Sardinha nasceu em Monforte do Alentejo a 9 de Setembro de 1887. Poeta, historiador e político, destacou-se como ensaísta, polemista e doutrinador, tornando-se um verdadeiro condutor da intelectualidade portuguesa do seu tempo. Morreu prematuramente em Elvas, no dia 10 de Janeiro de 1925, aos 37 anos.

A ‘estreia literária’ de António Sardinha deu-se com o ‘entracto dramático’ Serão ducal (1903), a que se seguiram as recolhas de poesia Cálix de amargura (1904) e Túrris ebúrnea (1905). Em 1909, obteve o prémio máximo nos jogos florais luso-espanhóis da Universidade de Salamanca, com ‘Lírica de Outubro’. Além de um número indeterminado de poemas dispersos, a sua obra poética fundamental é constituída por cinco volumes publicados em vida – Tronco reverdecido (1910), A Epopeia da Planície (1915), Quando as nascentes despertam… (1921), Na Corte da Saudade (1922), Chuva da tarde (1923) – e três volumes publicados postumamente – Era uma vez um menino… (1926), Roubo de Europa (1931) e Pequena casa lusitana (1937).

António Sardinha formou-se em Direito, em 1911, na Universidade de Coimbra. Tendo sido, enquanto estudante, um destacado republicano municipalista, após a implantação da República deu-se nele uma profunda desilusão com o novo regime. Convertido ao Catolicismo e à Monarquia, juntou-se a José Hipólito Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e José Pequito Rebelo para fundar a revista Nação Portuguesa, publicação de filosofia política a partir da qual foi lançado o movimento político-cultural denominado ‘Integralismo Lusitano’, em defesa de uma “monarquia tradicional, orgânica, antiparlamentar”.

António Sardinha cedo se destacou no seio do grupo integralista pela força do seu verbo. A passagem das Letras à Política consumou-se em 1915, ao pronunciar na Liga Naval de Lisboa uma conferência onde alertava para o perigo de uma absorção espanhola: O Território e a Raça, publicada em 1916. Da sua obra em prosa, destacam-se ainda volumes como Ao princípio era o Verbo (1924), À lareira de Castela (1920), A aliança peninsular (1924), Ao ritmo da ampulheta (1925) e A teoria das Cortes Gerais (1925).

Durante o breve consulado de Sidónio Pais, António Sardinha foi eleito deputado na lista da minoria monárquica. Em 1919, exilou-se em Espanha após a sua participação na fracassada tentativa restauracionista de Monsanto e da ‘Monarquia do Norte’. ​Ao regressar a Portugal, 27 meses depois, tornou-se director do diário A Monarquia, onde veio a desenvolver um intenso combate em defesa da filosofia e sociologia política tomista e, rejeitando a tese da decadência de Spengler, em defesa do universalismo hispânico como a base da sobrevivência da civilização do Ocidente (tese retomada e desenvolvida nos anos 30 por Ramiro de Maeztu, em Defensa de la Hispanidad). Lançou e dirigiu a 2.ª e a 3.ª séries da ‘revista de cultura nacionalista’ Nação Portuguesa (1922-1925).

Além das obras já referidas, importa mencionar as recolhas de textos em prosa publicadas postumamente: Na feira dos mitos (1926), Durante a fogueira (1927), À sombra dos pórticos (1927), Da hera nas colunas (1929), Purgatório das ideias (1929), De vita et moribus (1931), A prol do comum (1934), Processo dum rei (1937) e Glossário dos tempos (1942).

Do casamento de António Sardinha com Ana Júlia Nunes da Silva nasceu um filho no dia 14 de Junho de 1914. Lopo morreu um ano depois, a 29 de Junho de 1915. A biblioteca e o arquivo de António Sardinha conservam-se na Biblioteca Universitária João Paulo II, em Lisboa, por doação de sua viúva..