Isidoro Blaisten
Isidoro Blaisten, Ike, para os amigos, nasceu a 12 de Janeiro de 1933, em Concordia, município argentino a nordeste de Buenos Aires. Aí se localizava a colónia judaica onde viveu os primeiros anos de vida, com os pais e os sete irmãos e irmãs. A infância terá sido conturbada; aos dez anos, perdera já pai e mãe, e vivia então em Buenos Aires quando, em 1945, o seu irmão Enrique foi assassinado.
Blaisten fez um pouco de tudo; foi fotógrafo, vendedor, caixeiro-viajante, aventurou-se na publicidade e no jornalismo, foi revisor. Mas livreiro foi a profissão que o ocupou por mais tempo e que foi conciliando com a actividade literária. A placa que deixou na porta da livraria quando teve de fechar portas, deu o título a um dos seus livros de contos: Cerrado por melancolia, de 1981.
Começou a publicar contos na revista literária El escarabajo de oro, nos anos 1960, e viria a colaborar também com a revista Sur e com os jornais La Nación e Clarín, entre outros. O seu primeiro livro, Sucedió en la lluvia, de 1965, foi o único que escreveria de poesia, destacando-se daí em diante como contista, género que descreveu como próprio «de maníacos e relojoeiros, um género muito rebelde mas que obriga a estabelecer limites».
Considerado um dos melhores contadores de histórias argentinos, Isidoro Blaisten, para quem «conseguir uma história perfeita justifica toda a vida de um escritor», morreu em Buenos Aires, a 28 de Agosto de 2004, com 71 anos. Deixou uma produção literária que inclui sobretudo contos, mas também alguns ensaios, guiões para cinema, e apenas um romance, a sua derradeira obra, Voces en la noche, de 2004.
Recebeu diversos prémios e distinções literárias, consagrações que não mencionaremos aqui; Blaisten não lhes dava grande crédito, defendendo que quando um escritor «começa a pensar no público, cria literatura de consumo. No meu caso, escrevo o que quero».