Soror Mariana Alcoforado
Mariana Alcoforado (1640-1723) foi uma religiosa portuguesa a quem foi atribuída a autoria de umas famosas Cartas que circularam por toda a Europa. Nasceu em Beja, em 1640, no seio de uma importante família oriunda da cidade.
Por decisão dos pais, foi destinada, desde muito jovem, à vida religiosa. Ingressou como educanda, ainda antes de completar 11 anos, no convento de Nossa Senhora da Conceição, a mais importante instituição religiosa de Beja, onde professou e tomou votos aos 16 anos. Durante a sua longa vida conventual, exerceu, entre outros cargos, os de porteira, escrivã e vigária. Morreu em 1723.
O nome de Madre D. Mariana Alcoforado, apenas lembrado nos papéis do arquivo conventual, ficaria sepultado, à imagem do que aconteceu a tantas outras freiras, se não fosse o caso de um erudito francês, Jean-François Boissonade, ter revelado, em 1810, um dado sensacional: foi ela a autora das famosas Lettres Portugaises, cinco cartas de amor dirigidas por uma certa Mariana, religiosa num convento de Portugal, a Noël Bouton, mais tarde marquês de Chamilly, militar da força expedicionária francesa que combateu nas fileiras lusas durante a fase final da Guerra da Restauração, entre 1664 e 1667. Desde a sua publicação em 1669, sob a chancela do editor parisiense Claude Barbin, até hoje, esta obra retrata uma paixão dramática que faz parte do património literário universal. Constituem também um clássico da literatura francesa do tempo de Luís XIV, cuja escrita, plausivelmente inspirada pela história real – e pelas cartas do punho da própria Mariana Alcoforado –, é atribuída a um notável autor desse período, Gabriel Joseph de Lavergne, conde de Guilleragues (1628-1685).