Soares dos Reis interessou-se especialmente pela arte gótica que, recorrendo a elementos construtivos como arcobotantes e abóbadas de ogivas cruzadas, assegurava leveza e estabilidade de altos e vastos edifícios, tendo evoluído em Portugal na época de afirmação das ordens mendicantes, como explica Adriano de Gusmão (Gusmão, 1979: 133-8).Este género de diário prospetivo de assuntos históricos, sinalizado já por Soares dos Reis nos registos de lapidária feitos durante as viagens a Coimbra, Vila da Feira e Santarém, vai culminar numa incursão de estudo a Guimarães, transmissora de uma tomada de consciência de que era preciso avançar com a recolha de testemunhos alusivos à época da fundação da NacionalidadeSoares dos Reis prossegue no seu empenho em reter memórias na zona do Entre-Douro e Minho, ao nível dos monumentos debelados nos seus aspetos construtivos por força da extinção das Ordens religiosas, em 1834.Seguindo idêntica linha, o escultor prossegue, enfim, o seu intuito em formar uma coleção de memórias de monumentos abandonados.Para um cabal esclarecimento sobre o álbum, é preciso dizer que entre as anotações aparecem nomes de artistas da entourage de Soares dos Reis relacionados com a Escola de Belas Artes do Porto.Como reflexão final, podemos dizer que, no conjunto da obra, a conjugação entre os desenhos de lapidária em folha solta e o álbum de bolso de 1880 veio trazer dados bastante esclarecedores acerca do interesse de Soares dos Reis pela arte medieval. Além de se constituírem como fragmentos de um percurso pelo românico e o gótico, são ainda reveladores de atrativos costumes vimaranenses.Em 1881 Soares dos Reis está no seu auge.A partir de então vai ser absorvido pormúltiplas responsabilidades profissionais de difícil conciliação,entre a prática docente como Professor de Escultura naEscola de Belas Artes do Porto, a sucessão de encomendaspara retratar e a realização de obra monumental.Bernardo Pinto de Almeida