Catão era um homem de tanta força de espírito e carácter que, onde quer que tivesse nascido, ele próprio talharia o seu destino. Não lhe faltava nenhum dos talentos necessários para gerir quer a vida privada quer os interesses públicos. Conhecia igualmente a fundo as realidades urbanas e as rurais. A uns, o conhecimento das leis elevou-os às maiores Honras, a outros, a eloquência, a outros ainda, a glória dos feitos militares: Catão era de uma natureza tão adaptável a todas as situações que, o que quer que fizesse, dir-se-ia ter nascido exactamente para o fazer. Na guerra, era o mais corajoso no combate e distinguiu-se em muitas batalhas célebres; mesmo depois de investido nas mais altas dignidades, era um excelente comandante. Na vida civil, consultado sobre leis, era o mais informado, e o mais eloquente se fosse necessário defender uma causa em tribunal.(...)Tinha, não restam dúvidas, um carácter agreste e uma língua afiada e demasiado solta. Mas tinha também um espírito que não se deixava vencer pelas paixões, uma integridade inflexível, um desprezo por favores e riquezas. Na sua parcimónia, na capacidade de suportar o trabalho e os perigos, quase parecia ter um corpo e um espírito de ferro que nem a velhice, que tudo enfraquece, pôde quebrar.