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Sinopse

Agora, restam-me as tardes de Outono passadas neste banco deste jardim, aqui, junto à rua inclinada que desce vinda do Norte. O caos do tráfego que passa dilui-se no perfume a menta que chega do café em frente; memórias do Magrebe, neves eternas, cânticos gnawa, vibração do deserto que habita em mim; e logo a canela e a curcuma e o caril e a noz-moscada numa mescla infinita de oriente; e também as estepes longínquas nas palavras que soam como lâminas que cortam a respiração trémula - Eu vi a luz em um país perdido.
Esquecer.
Dizem-me que a escolha implica a rasura de uma possibilidade, de um devaneio; que ao determinar o olhar dilui a inevitabilidade da dança que subjaz ao pacto do amor. Será!? Quero acreditar que no choque dos contrários, nessa violência que habita a ambivalência, é possível um movimento de descanso do olhar, de tranquilo desejo, de pasmo e de alucinação sublime, de descoberta, de risco. Talvez assim a vida sobreviva, talvez…
Esquecer a morte.

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Autor

António Alves Martins

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