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Sinopse

Poesia de olhos abertos sobre um mundo repleto de ruínas. Poesia de olhos insones pela obrigação de relembrar, de recompor um desenho, de recuperar um sentido na vastidão e dispersão de uma realidade em frangalhos. Poesia se adiantando nas entranhas do tempo e do espaço, procurando recosturar o fio de uma memória coletiva, ao tentar tecer de novo uma trama de nomes emblemáticos (“as Índias”, “Camões”, “Dom Sebastião”…) ou uma rede de lendas compartilhadas (o Preste João, Bandara…), em que os sujeitos consigam finalmente descansar, ao som, enfim audível e embalador, de uma voz familiar e aconchegante, filhos de um Passado que poderia ser a nossa mãe perdida e sempre presente.

Os poemas incluídos neste livro de Marco Lucchesi nos transportam para universos aparentemente longínquos, nos mergulham numa distância que é preciso habitar para torná-la realmente nossa – para que o afastamento seja, de fato, aproximação de nós mesmos, de nosso insensato estar no mundo. E os versos se tornam, assim, um corpo a corpo com a História para desentranhar dela a nossa história pessoal.

Não por acaso o livro é dedicado a Clio, musa que inspira o histor, ou seja, aquele que viu e pode testemunhar, aquele que pode fixar no papel os acontecimentos para que sirvam de ensino à posteridade. Musa, porém, filha de uma Memória que reclama a nossa atenção, que não nos deixa dormir, que nos desperta no coração da noite, na angústia de não saber, e que continuamos procurando sôfregos, como “pérfida” prostituta.

Com Marco Lucchesi, somos também nós, seus leitores, “clientes sombrios”, “outonais” de uma Verdade a ser infinitamente decifrada – porque, afinal, “a história é uma esfinge a erguer atrás do sol/as velhas pálpebras”, nos fitando na escuridão e alimentando sempre a nossa invencível Insônia.

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Autor

Marco Lucchesi

Marco Lucchesi nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1963. Poeta, escritor, ensaísta, professor, editor e tradutor, graduou-se em História pela UFF, mestre e doutor em Ciência da Literatura pela UFRJ, com pós-doutorado em Filosofia da Renascença na Universidade de Colônia, na Alemanha. Foi pesquisador visitante da Universidade de Nápoles. Transita por mais de vinte línguas. Autor dos romances O bibliotecário do imperador, O Dom do Crime, Adeus, Pirandello e da novela Marina. Domínios da Insônia reúne, em grande parte, sua obra poética completamente revista. Traduziu, dentre outros, Primo Levi, Umberto Eco, Rilke, Rumi, Barbu, Khliebnikov, Silesius, Juan de la Cruz. Professor titular de Literatura Comparada da UFRJ. Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Tibiscus e Aurel Vlaicu da Romênia, comendador da República italiana. Recebeu, dentre outros, os prêmios Jabuti (Clio), Prêmio Pantera d’Oro, Città di Torino, George Bacóvia. Conferencista em vários países do mundo. Seus livros já foram traduzidos para mais de dezoito idiomas. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras de 2018 a 2018. Atualmente, preside a Fundação Biblioteca Nacional.

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