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Sinopse

«Tenho-me perguntado qual a forma certa de procurar o amor.»

Pedro Reis Colaço abre-nos a porta em Como acabar as coisas, às contemplações e inquietações do sujeito poético num mundo que poderia ser o nosso, não fossem as referências a outras realidades invisíveis aos olhos do cidadão comum. Dividido em poemas de versos curtos e trechos quase diarísticos, o livro explora a busca pelas sensações mais desejadas pelo ser humano, como o amor, busca essa por vezes interrompida pelos obstáculos mais básicos e inevitáveis.

O título do livro é uma sentença, um imperativo: Como acabar as coisas, título que insinua uma contradição, posto que Pedro Reis Colaço começa agora o seu percurso de poeta que se publica.

Começando a vida da poesia, não se pretende acabar com essa vida.

Como assinala o coordenador da colecção, o poeta e crítico literário António Carlos Cortez, em seu prefácio, "Acabar é, neste livro, uma outra coisa: começar, até porque tudo o que acaba é um modo de começar e talvez só verdadeiramente se comece alguma coisa quando acabamos outra. Mas este título, na sua sentenciosa maneira de se apresentar, arrasta para dentro do campo das indecisões, como inúmeros poemas mostram, um problema de dimensão terrível e que a poesia, nem mesmo com Rimbaud ou com Breton, com Artaud ou, antes destes, William Blake, logrou resolver: se para acabar é necessário ter coragem para cortar com qualquer facto (ou conjunto de factos), então todo o poeta, na sua extrema fragilidade e na sua extrema força, será o que, de todos os homens, está sempre mais perto de saber como acabar e como começar.

“Ouço rumores de uma/ cidade por cujas/ ruas desfilam trovões/ Sinto nos pés/ a terra

arrepiar-se/ Inspiro um ligeiríssimo odor a/ areia e sangue/ Vou comprar/ laranjas

porque/ me sinto/ engripado/ aproveito e trago/ champô/ (…)”

Pedro Reis Colaço inicia aqui a sua obra com um livro que podendo ser lido de um fôlego, pede para ser saboreado.


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Autor

Pedro Reis Colaço

Pedro Reis Colaço nasceu em 1991, em Lisboa, onde ainda mora. Frequentou as Faculdades de Belas-Artes e Letras, e uma escola de cinema no Rio de Janeiro. Morou também, por breves períodos, em Bolzano, Itália, e Lyon, França. Um dia, quando passava certo vale na Bahia, cruzou caminho com uma bruxa. Tinha olhos pretos e fundos e ao caminhar cantava, assustando-se por vezes com os passos de um camaleão gigante. Chamava-se Natália. Quando anoiteceu, na margem de um pequeno rio, fumou os seus braços e tronco com incenso e sussurrou numa língua desconhecida, sibilante, uma língua de aranha.

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