A escrita de o Diário de uma cuidadora, foi um apoio por mim usado como refúgio e local de desabafo quando nele me queixava, sendo por isso considerado por muitos autores das Ciências Neurológicas como uma autoterapia. As viagens, o pintar e o gosto pelo teatro foram, mais que uma distração, um olhar contemplativo, um olhar para outras paisagens de beleza que existem no nosso caminho. Isto não impedindo que encarasse de forma realista o sofrimento mas tentando olhá-lo com desapego porque ele faz parte do caminho da vida. Foi para mim importante considerar que o doente, o médico e o cuidador vivenciam a doença em conjunto, durante anos. Ao cuidador é-lhe pedido que crie uma relação de confiança empática e grata com o médico, porque não havendo cura nestas doenças há apenas cuidado. No entanto, é necessário que também seja reconhecido e estimado o importante papel do cuidador, especialmente nas fases avançadas da doença em que o carinho afetivo é precioso para a segurança do doente. A família é uma ajuda preciosa no apoio ao cuidador, mas também ela deveria ser apoiada e preparada porque muitas vezes o seu afastamento na ajuda não significa egoísmo ou um real abandono mas antes incapacidade de se deparar com o seu querido completamente ausente e diminuído.