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Sinopse

A Maldoror tem apostado desde o início em estreias; histórias incríveis de autores consagrados até aqui inéditos no nosso país, e traz agora mais um; Isidoro Blaisten, considerado um dos melhores contadores de histórias argentinos, e que neste Dublin a Sul junta uma «caravana de maníacos, enjeitados, excluídos, loucos, miseráveis, fracassados, entediados, monomaníacos, psico e/ou sociopatas [...] em cenas exploradas até ao limite da loucura, gerando sempre essa incomodidade do confronto com os nossos interditos.»

A tradução é do Miguel Filipe Mochila, que ainda lhe junta uma magnífica introdução que serve de excelente aperitivo para a leitura dos contos, contextualizando tudo o que nos possa passar despercebido, e ainda apresentando uma bela biografia do autor.

«Pouco foi o que corrigi destes contos: um ou outro erro de sintaxe, um ou outro erro de pontuação. De resto, creio que a realidade que lhes deu origem não se alterou. Mais: atrevo-me a dizer que jamais mudará. Haverá sempre suicidas convictos, gente desamparada que ronda pelas zonas da estupidez e da vaidade humanas, desesperados que procuram a salvação e tentam comprá-la em casas da especialidade, rebeldes que sabem que hão-de morrer, casais abastados cuja razão de existir é a competição com outro casal abastado, escravos das modas literárias afundados em perplexidade e desassossego, seres oblíquos para quem a vida é tangencial, peixes invisíveis na última cintilação do crepúsculo, tipos que é preciso assassinar, obsessivos que dão mais valor à liberdade do que aos valores familiares, e alguém que sonha com um castelo na Irlanda.

As pessoas falam da realidade e eu não creio que ela exista. Julgo que há duas realidades e que o que nos acontece é sempre paralelo ao que acontece a outro. Esta simultaneidade foi a minha obsessão. Ainda é. Julgo por isso que, nestes contos como na vida, o humor e a dor cumprem o seu inesperado destino.»


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Autor

Isidoro Blaisten

Isidoro Blaisten, Ike, para os amigos, nasceu a 12 de Janeiro de 1933, em Concordia, município argentino a nordeste de Buenos Aires. Aí se localizava a colónia judaica onde viveu os primeiros anos de vida, com os pais e os sete irmãos e irmãs. A infância terá sido conturbada; aos dez anos, perdera já pai e mãe, e vivia então em Buenos Aires quando, em 1945, o seu irmão Enrique foi assassinado.

Blaisten fez um pouco de tudo; foi fotógrafo, vendedor, caixeiro-viajante, aventurou-se na publicidade e no jornalismo, foi revisor. Mas livreiro foi a profissão que o ocupou por mais tempo e que foi conciliando com a actividade literária. A placa que deixou na porta da livraria quando teve de fechar portas, deu o título a um dos seus livros de contos: Cerrado por melancolia, de 1981.

Começou a publicar contos na revista literária El escarabajo de oro, nos anos 1960, e viria a colaborar também com a revista Sur e com os jornais La Nación e Clarín, entre outros. O seu primeiro livro, Sucedió en la lluvia, de 1965, foi o único que escreveria de poesia, destacando-se daí em diante como contista, género que descreveu como próprio «de maníacos e relojoeiros, um género muito rebelde mas que obriga a estabelecer limites».

Considerado um dos melhores contadores de histórias argentinos, Isidoro Blaisten, para quem «conseguir uma história perfeita justifica toda a vida de um escritor», morreu em Buenos Aires, a 28 de Agosto de 2004, com 71 anos. Deixou uma produção literária que inclui sobretudo contos, mas também alguns ensaios, guiões para cinema, e apenas um romance, a sua derradeira obra, Voces en la noche, de 2004.

Recebeu diversos prémios e distinções literárias, consagrações que não mencionaremos aqui; Blaisten não lhes dava grande crédito, defendendo que quando um escritor «começa a pensar no público, cria literatura de consumo. No meu caso, escrevo o que quero».

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