Frantz Fanon influenciou gerações de anticolonialistas, activistas dos direitos civis e académicos dos estudos coloniais.
As suas obras, que deram origem aos chamados «estudos fanonianos», foram inspiradas em décadas de movimentos de libertação anticoloniais e analisam as consequências psicológicas da colonização – tanto do ponto de vista do colonizador como do colonizado –, bem como os processos de descolonização, considerando os seus aspectos sociológicos, filosóficos e psiquiátricos.
Muitos dos textos de Fanon permaneceram até há pouco tempo inéditos e inacessíveis. Este livro reúne agora os escritos políticos e os escritos psiquiátricos, ambos absolutamente interligados, dando a conhecer artigos científicos, textos originais e escritos dispersos que versam sobretudo, nas palavras do seu editor francês, François Maspero, sobre a «alienação colonialista vista através da doença mental».
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Frantz Fanon
Frantz Omar Fanon nasceu a 20 de Junho de 1925, na ilha da Martinica.
Descendente de escravos africanos, cresceu numa família de classe média, com oportunidade de frequentar o liceu, onde foi aluno e se tornou amigo do escritor e militante anticolonialista Aimé Césaire.
Aos 18 anos, durante a Segunda Guerra Mundial, Fanon juntou-se às Forças Livres Francesas, que operavam a favor dos Aliados na ilha de Dominica, e combateu por vários anos no Norte de África e em França. A agudização do racismo que se fez sentir nos anos de guerra e a experiência do nazismo em muito contribuíram para a politização e dissidência de Fanon.
Após a guerra, regressou a Martinica, onde fez campanha pela eleição de Aimé Césaire a deputado à Assembleia Nacional francesa. Virá, porém, a discordar do ideólogo da negritude, e especialmente dos pressupostos desta teoria.
Em 1946, Fanon consegue uma bolsa para estudar em França e inicia o curso de psiquiatria, que termina em 1951, principiando por exercer em França e, depois, na Argélia. É aí que toma contacto com a guerra de independência, aderindo à Frente de Libertação Nacional. Neste período, escreve Os Condenados da Terra, em que defende a inevitabilidade do recurso à violência na luta pela independência.
Em Paris, em Setembro de 1956, quando do Primeiro Congresso dos Escritores e Artistas Negros, fez uma notável intervenção sobre «Racismo e cultura», sendo um dos articuladores do comunicado final que condenava em termos claros o colonialismo.
Em 1957, na sequência das suas actividades clandestinas de resistência, Fanon foi expulso da Argélia. A partir daí, desenvolve uma actividade política representando a FLN em diferentes conferências e fóruns internacionais. Enquanto conselheiro do governo provisório argelino, fez, em 1960, diversos contactos, em Roma e Acra, com militantes anticolonialistas angolanos e guineenses, no sentido de apoiar a luta contra o colonialismo português, incluindo treino militar nos campos da FLN. Este seu envolvimento na solidariedade aos movimentos de libertação manteve-se até à altura em que lhe é diagnosticada uma leucemia, de que vem a morrer, em 1961, com 36 anos, nos Estados Unidos.
Frantz Fanon é autor, entre outros livros, de Pele Negra, Máscaras Brancas (1952), Os Condenados da Terra (1961), e o póstumo Pela Revolução Africana (1964).
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