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Herbário Júlio Dinis - Filices

Júlio Dinis

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Detalhes do Produto

Sinopse

José Tolentino Mendonça: «Esta Colecção dos Fetos, Equisetos e Lycopodios da Flora Madeirense é, naturalmente, um herbário, mas também é mais do que isso. Deve ser lido, para todos os efeitos, como um testamento.»

Um abismo. O herbário é o memento mori de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, de Júlio Dinis. Espantar-nos-á sempre a emergência de objectos artísticos como este, na exacta medida em que sendo raros, escondidos, votados à escuridão, destinados a permanecerem ocultos, são-nos um dia revelados — fatalmente fora de tempo, já sem a mediação do seu autor — como uma aparição que consubstancia gestos secretos mas palpáveis.

Fantasmagoria, objecto que releva quase da magia na forma como desafia as leis naturais e a passagem do tempo, feito pelas próprias mãos do escritor, do artista — sim, porque se trata de uma obra de artista e não de botânico —, as pranchas do Herbário de Júlio Dinis são o toque, o tacto que nos faltava na recepção da obra literária, aquilo que um livro não nos pode dar. Nesse sentido, e imaginando nós que se destinavam a desaparecer, constituem um milagre.

[Nuno Faria]


Lembro-me de que, por um período, Lourdes Castro repetia com frequência estes versos do poeta japonês Kobayashi Issa: «Nous marchons en ce monde / sur le toit de l’enfer / en regardant les fleurs». Olhar é uma especialidade de Lourdes Castro. E olhar as diferentes espécies botânicas tornou-se para ela uma espécie de escolha de vida, um pacto ético e espiritual de grande impacto, uma forma de caminhar, pensar e cartografar o mundo. Nas notas pessoais que acompanham o seu projecto intitulado Grand herbier d’ombres, além de descrever o modo como, num Verão do século XX, na Ilha da Madeira, decidiu fixar em papel heliográfico a variedade vegetal acessível à sua volta, explica-se assim: «sobretudo gosto de plantas, sempre vivi com elas, cuidei delas e vi-as crescer». Esta nota aparece datada de 1973. Numa outra que se lhe segue, datada de 2002, acrescenta ainda: «constantemente aprendo com elas». […] A resiliência para continuar, mesmo do telhado do inferno, a olhar as flores é uma extraordinária lição que Júlio Dinis deixa ao futuro. No epistolário madeirense desses que são os últimos anos da sua vida (o escritor viria a morrer, no Porto, em Setembro de 1871) refere-se com insistência à importância do reencontro com a natureza.

[José Tolentino Mendonça]

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Autor

Júlio Dinis

"Júlio Dinis é o pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, médico e escritor (Porto, 14 de novembro de 1839 – Porto, 12 de setembro de 1871). Estudo: Ana Maria Teixeira Soares Ferreira Licenciada em Ensino de Português e Inglês pela Universidade de Aveiro, é docente e adjunta da Direção do Agrupamento de Escolas de Ovar Sul. Mestre em Literatura Portuguesa pela FLUC, com uma tese sobre a poesia de Alexandre O’Neill intitulada O Humor Satírico na Poesia de Alexandre O’Neill: Entre o Exorcismo e o Desafio. Doutorada em Literatura pela UA, com uma dissertação sobre as representações da morte em Mia Couto. Desde 1992, tem lecionado Português, Literatura Portuguesa, Cultura Portuguesa e Língua Portuguesa nos ensinos básico, secundário e superior. Tem-se dedicado à formação de professores de Português, integrando a bolsa de formadores do Centro de Formação Intermunicipal de Estarreja, Murtosa e Ovar. Nos últimos anos, tem vindo a participar em várias iniciativas culturais da Câmara Municipal de Ovar, destacando-se a colaboração com o Museu Júlio Dinis – uma Casa Ovarense, com comunicações e artigos sobre Júlio Dinis. — Ilustração: Pedro Podre Nascido em 1988 é um pintor e ilustrador do Porto. Formado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, as suas pinturas figurativas exploram narrativas sobre a infância, escapismos, identidade e ansiedades do século XXI. Apropriando-se da lógica da narrativa das ilustrações e da estética da banda desenhada e animação, o seu trabalho apresenta alegorias trágico-cómicas sobre a vida suburbana, medos e incertezas numa era de sobrecarga de informação."

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