Jardim é uma criação artística, onde nos é oferecida a mais pura forma de arte – a natureza. Esta, não só é arte em si mesma como, ao mesmo tempo, criadora de arte. Merece, assim, ser valorizada como qualquer outro tipo de conceção relativa às belas artes, o que à partida requere o conhecimento, ainda que elementar, daquilo que se deseja apreciar.

Viseu tem direito a reivindicar para si a qualificação de pioneiro na instituição da arte do jardim, porquanto, no séc. XVI, foi a primeira cidade, a nível da zona norte do país, a possuir no seu território uma quinta de recreio e um jardim renascentista.

E, se agora é a cidade-jardim, ainda que o epíteto não tenha uma relação assim tão direta com aquele facto, para melhor a podermos entender e admirar, nesse mais que simbólico atributo, património imaterial imbuído de arte, afetos e bem-estar, torna-se necessário saber como os seus pequenos jardins surgiram e como contribuíram para este grandioso jardim que o seu todo constitui.

Assim, o presente trabalho representa para nós como que um colher de flores pela cidade fora, quedando-nos um pouco mais nessas ilhas de beleza que dão estrutura e caráter ao espaço citadino, na tentativa de observarmos as suas singularidades e, com toda a legitimidade, as podermos usufruir.