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Nós Matámos o Cão-Tinhoso

Luis Bernardo Honwana

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Sinopse

No ano em que se comemoram cinquenta anos do 25 de Abril, a Maldoror resgata o polémico livro Nós Matámos o Cão-Tinhoso, de Luis Bernardo Honwana, originalmente publicado em 1964. Nos seus sete contos se denuncia a ditadura, o colonialismo, as tensões sociais vividas em Moçambique, o racismo. Apesar de prontamente apreendido pela PIDE, o livro foi publicado em língua inglesa em 1969, ainda no auge do colonialismo e em plena Guerra Colonial, obtendo um imediato reconhecimento internacional, vindo a ser traduzido para muitos outros idiomas. É actualmente uma das obras mais importantes da literatura africana.

«O Cão-Tinhoso olhava-me com força. Os seus olhos azuis não tinham brilho nenhum, mas eram enormes e estavam cheios de lágrimas que lhe escorriam pelo focinho. Metiam medo aqueles olhos, assim tão grandes, a olhar como uma pessoa a pedir qualquer coisa sem querer dizer. Quando eu olhava agora para dentro deles, sentia um peso muito maior do que quando tinha a corda a tremer de tão esticada, com os ossos a querer fugir da minha mão e com os latidos que saíam a chiar, afogados na boca fechada. Eu tinha uma danada vontade de chorar mas não podia fazer isso com a malta toda a olhar para mim.»




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Autor

Luis Bernardo Honwana

«Chamo-me Luis Augusto Bernardo Manuel. O apelido Honwana não vem nos meus documentos. Sou filho de Raul Bernardo Manuel (Honwana) e de Nally Jeremias Nhaca. Ele intérprete da administração da Moamba e ela doméstica. Tenho oito irmãos.»

Luis Bernardo Honwana nasceu na cidade de Lourenço Marques, actual Maputo, em 1942. Viveu na Moamba até aos 17 anos, altura em que rumou à capital para estudar jornalismo.

As primeiras histórias surgiram na página «Despertar», do Notícias, mas viria a colaborar com diversos jornais: Voz de Moçambique, Tribuna, Diário de Moçambique, A Voz Africana.

O ano de 1964 foi certamente marcante para Luis Bernardo Honwana. Com 22 anos, publicou Nós Matámos o Cão-Tinhoso. Obra polémica, nos seus sete contos estão patentes o tom subversivo, a denúncia do colonialismo, as tensões sociais, o racismo. O livro seria prontamente apreendido pela PIDE, e tornar-se-ia uma das obras mais importantes da literatura africana. Mas 1964 foi também o ano em que Honwana foi preso, acusado de «actividades subversivas de apoio à FRELIMO e contra a soberania de Portugal em Moçambique».

Luis Bernardo Honwana ficaria preso quase quatro anos; em 1970, seguiu para Lisboa, onde estudou Direito na Universidade Clássica. Em 1975, após a independência de Moçambique, foi director de gabinete do presidente Samora Machel, e viria a ser Secretário de Estado da Cultura, em 1982, e Ministro da Cultura de Moçambique, em 1986.

Nas décadas seguintes, manteve o contributo para a vida política e cultural de Moçambique; envolveu-se na fundação da Associação Moçambicana de Fotografia e na Associação dos Escritores Moçambicanos. Foi presidente da Organização Nacional dos Jornalistas de Moçambique e do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa. Em 1987, foi eleito membro do Conselho Executivo da UNESCO e mais recentemente, envolveu-se na Fundação para a Conservação da Biodiversidade.

Nós Matámos o Cão-Tinhoso foi publicado em língua inglesa em 1969, ainda no auge do colonialismo e em plena Guerra Colonial, e logo obteve reconhecimento internacional, vindo a ser traduzido para muitos outros idiomas.

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