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Sinopse

Em O Concerto das Buzinas (1976) Virgílio Martinho relata a sua experiência de 1949-1950 na prisão do Aljube, em Lisboa. «Virgílio Martinho, autor na periferia e no prolongamento do breve e tardio Surrealismo português, aborda neste romance o tema do universo concentracionário durante a ditadura salazarista. E fá-lo utilizando uma linguagem que nada tem a ver com o que da lição surrealista permanece vital ao nível dum sumptuoso (e por vezes rebuscado) culto do onírico. Fá-lo com a consciência desassombrada de quem utiliza a literatura como forma de testemunho nitidamente histórico e pessoal.»
[ Álvaro Manuel Machado, Colóquio-Letras, 1976

Em O Menino Novo (1989), reconhece-se [o] carácter claramente ‘realista’ ou o sentido e consciência de que o paraíso perdido da sua infância pôde ser reconstruído pelos fios da memória, pouco complacente e nada interessada em suavizar com outras cores o que foi da sua angústia de menino pobre, nado e criado em tempos bem cinzentos e tristes, na lembrança que sempre perdura de um pai ferroviário e da mãe às voltas com os problemas da casa, enfim, um quadro social e humano igual a tantos outros, mas que Virgílio Martinho soube recriar de forma admirável e pujante [nestas] belíssimas histórias […].»
[ Serafim Ferreira

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Autor

Virgílio Martinho

[1928-1994]

O singular percurso literário de Virgílio Martinho ficou marcado pela relação próxima que teve com autores que frequentaram nas décadas de 50 e 60 do século XX as várias tertúlias de cafés lisboetas, com destaque para a do Café Gelo, próxima do “movimento surrealista” (Alexandre O’Neill, António José Forte, António Maria Lisboa, Cruzeiro Seixas, Herberto Helder, Mário-Henrique Leiria, entre outros).

Em 1958, publicou a novela, de pendor fantástico, Festa Pública, na colecção A Antologia em 1958, dirigida por Mário Cesariny. O apodo de “surrealista”, que ainda hoje alguns teimam em lhe colar, teve aí um momento marcante. Seguiram-se os contos de Orlando em Tríptico e Aventuras (1961), na mesma linha, e, noutro registo, Rainhas Cláudias ao Domingo (1972) — títulos que integraram o primeiro volume das OBRAS DE VIRGÍLIO MARTINHO.

Em 1970, Virgílio Martinho deu início a uma vertente que se tornará dominante na sua obra: o teatro. Publica a peça Filopópulus, na revista Grifo, antologia de inéditos organizada pelos autores (António Barahona da Fonseca, António José Forte, Ernesto Sampaio, Pedro Oom, entre outros. Depois deste texto (encenado por Joaquim Benite em 1973), seguiram-se dezenas de outros, sempre produzidos no Grupo de Teatro de Campolide, actualmente Companhia de Teatro de Almada.

Virgílio Martinho corporizou uma “liberdade livre”. Resistiu, com uma bonomia desconcertante, a modas, escolas, zangas e movimentos (surrealismo, fantástico, neo-realismo, realismo poético, etc.). Quem conviveu com ele, lembrar-se-á sempre do seu riso casquinado, cerveja numa mão e cigarro noutra. É isso.

Agora, deitamos novas luzes sobre os seus textos. Palcos novos para uma obra que será sempre livre.

[Carlos Alberto Machado, editor].

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