«Os temas desatualizam‑se, as tendências literárias saem de moda, os interesses dos leitores mudam, o mundo em que José Cardoso Pires viveu e escreveu já não é o nosso. O brilho da sua prosa, esse, mantém‑se intacto. Graças a esse brilho, as personagens inteiras que criou (ele que muito escreveu sobre amputados, físicos e espirituais) — veja‑se João Portela e o tio Aníbal que, daqui a umas páginas, há de o leitor encontrar a calcorrearem os caminhos secos e amaldiçoados do Alentejo — continuam vivas e a iluminar‑nos.»
[Do Prefácio de Bruno Vieira Amaral]
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José Cardoso Pires
Escritor português, José Augusto Neves Cardoso Pires nasceu a 2 de Outubro de 1925, no concelho de Vila de Rei, em Castelo Branco. Filho de um oficial da marinha, ainda criança muda-se com os pais para Lisboa, cidade que abraçou e amou. Exerceu várias profissões, entre as quais, redactor de uma revista feminina, Eva, em finais dos anos 40. Em 1949, publica o seu primeiro livro, "Os Caminheiros e Outros Contos", retirado de circulação pela censura. Nos princípios dos anos 50, foi detido pela PIDE depois da apreensão do seu livro de contos "Histórias de Amor". Nos anos 60 foi membro da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1963 publica "Hóspede de Job", livro dedicado ao seu irmão, morto enquanto cumpria o serviço militar nos anos 50, e que lhe valeu o Prémio Camilo Castelo Branco em 1964; e "O Delfim" em 1968. Em inícios dos anos 70, foi professor de Literatura Portuguesa e Brasileira em Inglaterra, no King's College da Universidade de Londres. Dois anos depois, já em Portugal, publica "Dinossauro Excelentísimo". Já nos anos 80, publica "A Balada da Praia dos Cães", romance que lhe valeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e que foi alvo da realização de um filme, com o mesmo nome, de José Fonseca e Costa, em 1987. Neste mesmo ano publica "Alexandra Alpha", obra que mereceu o Prémio Especial da Associação de Críticos, de São Paulo, no Brasil. Em 1995 sofreu um acidente vascular cerebral que o levou a ficar algum tempo em estado de coma. Recuperado, publica em 1997 a obra "De Porfundis, Valsa Lenta", pela qual recebeu dois prémios: Prémio D. Dinis e Prémio da Crítica, atribuído pela Associação Internacional de Críticos Literários; e "Lisboa, Livro de Bordo". Entre os prémios já mencionados, recebeu também o Prémio Internacional União Latina (1991), o Astrolábio de Ouro do Prémio Internacional Último Novecento (1992) e o Prémio Pessoa (1997). Em 1998 sofreu outro acidente vascular cerebral, que viria a ser a causa da sua morte a 26 de Outubro, em Lisboa. Em Setembro desse mesmo ano foi-lhe atribuído o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores. Foi autor de contos, romances, crónicas e ensaios (como em "E Agora José?", 1977) e de peças de teatro (como "O Render dos Heróis" (1960) e "O Corpo Delito na Sala de Espelhos", 1980).
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