Detalhes do Produto
- Editora: Sistema Solar
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- Ano: 2015
- ISBN: 9789899930735
Sinopse
A caverna de Lascaux no vale da Vézère, a dois quilómetros da pequena cidade de Montignac,
não é só a mais bela, a mais rica das cavernas pré-históricas com pinturas; mas desde logo
o primeiro sinal sensível que nos chegou do homem e da arte. [
] Esta extraordinária
caverna não pode deixar de transtornar quem a descobre; nunca deixará de responder a essa
expectativa de milagre que é, na arte ou na paixão, a mais profunda aspiração da vida.
Muitas vezes achamos infantil esta necessidade de ficarmos maravilhados, mas voltamos
sempre a ela. O que parece digno de ser amado é sempre o que nos transtorna, o inesperado,
o inesperável. Como se a nossa essência estivesse por paradoxo ligada à nostalgia de
alcançar o que tínhamos considerado impossível. Sob este ponto de vista, Lascaux reúne as
mais raras condições: a sensação de milagre que hoje nos dá a visita da caverna, ligada
acima de tudo à oportunidade da descoberta, é de facto duplicada pela sensação de um
inaudito carácter que estas figuras tiveram aos olhos dos que viveram no tempo da sua
criação. Para nós, Lascaux situa-se a partir de agora entre as maravilhas do mundo; embora
estejamos em presença da incrível riqueza que a sucessão dos tempos amontoou. Mas qual
teria sido a sensação dos primeiros homens que se viram no meio destas pinturas, apesar de
não extraírem delas, como é evidente, um orgulho semelhante aos nossos (tão estupidamente
individuais)? Teriam sentido, como é evidente, um prestígio imenso. O prestígio que se
liga, pensemos nós o que pensarmos, à revelação do inesperado. É sobretudo neste sentido
que falamos do milagre de Lascaux; porque em Lascaux a humanidade juvenil mediu pela
primeira vez a extensão da sua riqueza. Da sua riqueza, isto é, do poder que tinha de
chegar ao inesperado, ao maravilhoso. [Georges Bataille]