O Nosso Desporto Preferido - Futuro Distante
Gonçalo Waddington
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Sinopse
À semelhança de Shakespeare, Molière ou Brecht, que encenavam o que escreviam, tendo os dois primeiros também interpretado, Gonçalo Waddington tem à disposição os mecanismos para manipular os seus postulados temático-teatrais, atenuando ou agravando a tendência actual de uma "escrita periférica" para uma "cena-eixo". Este segundo tempo de O Nosso Desporto Preferido - Futuro Distante, que sucede ao Presente do mesmo título e ainda à sua primeira e impressionante peça Albertine, O Continente Celeste, centrada em Recherche... de Marcel Proust, continua o desenvolvimento de um vocabulário imagético, formal, técnico, pouco habitual na escrita para palco dos últimos anos, entre nós. Desviando-se do caminho mais flagrante das Humanidades, de pendor mais romantizado ou mais ensaístico, Waddington ancora a sua ficção naquele campo que nos habituámos a chamar "divulgação científica", ou seja, o que ressalta do conhecimento compreensível (e passível de ser divulgado) dos códigos e cifras do processo científico e de alguns ex-libris da sua já respeitável história como género. (…) A trama de onde surge esta escrita, e por consequência este teatro, vem de um outro local, de uma outra atenção, de uma outra escuta do mundo, mas que inevitavelmente se cruza com os reflexos da sua tradição, a saber: a mitologia, a tragédia, a epopeia dramatizada, a consciência brechtiana da mecânica teatral, também o vernáculo de Aristófanes, o "coninho" de Bocage, os simpósios dos Lusíadas, o mundo-como-sexo-e-representação de Michel Houellebecq e a metafísica cómica de Woody Allen. Neste cruzamento sui generis é-nos oferecido um teatro que espanta pela sua fluidez, pelo prazer de o ver jogado de um modo tão líquido, que - centrado aparentemente num coeficiente formal de habilidade indiscutível - se afirma na sua dramatização do humano pelas tangentes que faz ao entendimento do que é esse humano.
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