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Os Meus Oscar Wilde

André Gide

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Sinopse

«Toda a verdade deixa de sê-lo, desde que haja mais do que uma pessoa a acreditar nela.»

Uma das companhias preferidas de Oscar Wilde era lorde Alfred Douglas (que viria a ser Bosie na linguagem do seu

afecto), rapaz de vinte e um anos, estudante no Magdalen College de Oxford com uma qualidade poética que os elogios de Wilde sobrevalorizavam, terceiro filho de um marquês grosseiro e brutamontes, de seu nome Queensberry. Wilde conheceu esse jovem na sua própria casa de Tite Street, apresentado por Lionel Johnson, um amigo que o trazia, encantado com uma recente leitura de Dorian Gray.

«Depois de trocadas as habituais cortesias», veio Alfred Douglas a escrever, «Wilde mostrou-se muito amável e falou

imenso. Antes de eu me retirar convidou-me para almoçar ou jantar com ele no seu clube — convite que aceitei.»

Esta amizade intensificou-se. Wilde e Bosie começaram por fazer duas viagens juntos (uma a Florença, outra a Brighton) e partilharam depois um apartamento comum no Hotel Savoy de Londres; mas, se acreditarmos nas palavras de Bosie, foram precisos seis meses de intensas intimidades e leitos separados por curta vizinhança para ele não resistir às suas propostas sexuais.

Em 1895, pouco depois do imenso êxito da peça An Ideal Husband, Wilde e Bosie decidiram ver de perto a beleza morena e compreensiva, nesses tempos fácil de encontrar entre os jovens árabes de Argel.

Ora, André Gide também gostava da Argélia, colónia do seu país com um forte exotismo visual e sensorial, próxima na sua distância, bastante em conta para as folgas da sua bolsa. Por acidente, juntaram-se os três na Argélia. Mas já tinha havido outros encontros. Gide vai lembrar-se aqui da sua vistosa presença em Paris, dos seus ditos, dos seus paradoxos, de um teatro de salão onde Oscar Wilde fazia incansavelmente a representação da sua própria personagem.

Lembrar-se-á do Oscar Wilde na Argélia, do Oscar Wilde numa fria aldeia da França, abrigado sob o pseudónimo Sébastien Melmoth, derrotado e ferido depois de dois anos de cárcere na Inglaterra. E, para além dos textos de Gide, ler-se-á também uma selecção dos mais significativos momentos dos seus processos.

[Aníbal Fernandes]


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Autor

André Gide

PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1947

Escritor francês nascido a 22 de novembro de 1869, em Paris, e falecido a 19 de fevereiro de 1951, também na capital francesa.
André Gide foi criado no seio de uma família abastada e educado de uma forma muito puritana. Sentiu alguma dificuldade em ter sucesso nos estudos devido à sua saúde débil. Contudo, desde cedo mostrou apetência para a Literatura e a Poesia e, com apenas vinte anos, começou a publicar textos, bastante puritanos, em revistas escolares. Com 22 anos, publica o seu primeiro livro, Les Cahiers d'André Walter, totalmente financiado por si, mas o qual não assinou. A obra, que havia começado a escrever aos 18 anos, não conheceu grande sucesso, mas atraiu a atenção de escritores como Marcel Schwob, Rémy de Gourmont, Maurice Barrés e Maurice Maeterlinck. Nesta altura, Gide era uma artista do Simbolismo, tendência que deixou em 1895, quando publicou Paludes.
Só a partir de 1897, quando editou Nourritures Terrestres, é que André Gide começou a ser encarado como um verdadeiro escritor. Nesta obra, defendeu a doutrina do hedonismo ativo, ou seja o prazer como bem supremo. Desde então, o autor dedicou-se a examinar os problemas da liberdade individual e da responsabilidade, tendo entrado por vezes em conflito com a moralidade convencional.
Em 1909, Gide foi um dos fundadores da revista literária Nouvelle Revu, que se viria a tornar bastante influente no meio.
Tornou-se o mentor de toda uma geração que, na sequência da Primeira Guerra Mundial, se preocupava em conciliar a lucidez da razão com as forças instintivas.
Com Les Caves du Vatican, de 1914, Gide foi pela primeira vez acusado de ser anticlerical. Um ano após a sua morte, em 1952, o Vaticano incluiu todas as suas obras no Índice de Livros Proibidos.
Entre 1920 e 1924, publicou as suas memórias, onde revelou a sua homossexualidade. Em 1925, lançou aquele que foi considerado um dos seus melhores romances, intitulado Les Faux-Monnayeurs, onde o protagonismo foi dado à juventude parisiense, inclusivamente através de homossexuais, delinquentes e mulheres adúlteras.
André Gide passou entretanto a ocupar diversos cargos públicos, tanto a nível local como internacional. As suas deslocações ao Congo, Chade e União Soviética inspiraram alguns dos seus livros. Depois de se ter assumido como comunista, a visita à União Soviética deixou-o bastante desiludido e rompeu com o comunismo.
Entre 1939 e 1951, decidiu escrever e publicar os seus diários, onde falava de si e também dos seus amigos e de outros escritores.
Entretanto, em 1947 recebeu o Prémio Nobel da Literatura.
André Gide também escreveu peças de teatro no início do século XX e fez traduções de obras de William Shakespeare.


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