«Até ao dia 13 de maio de 1917, a Cova da Iria era um lugar que nem as pessoas da vizinhança conheciam: “O local só era conhecido das pessoas que ali tinham terreno.” Era um sítio muito agreste, de pouquíssimo valor, não prendia as atenções de ninguém.»
(A.M.Martins, sj, in Novos Documentos de Fátima,
Porto, Liv. A.I./Braga, Ed. Franciscana, 1984, p. 132)
Como é que um lugar assim caracterizado pode, hoje, há distância de noventa e pouco anos, suscitar um interesse tão amplo, e não só em contexto religioso? Como se sabe, essa razão está nos invocados episódios que ali tiveram lugar, no início do século passado, presenciados por três rústicas crianças: Lúcia, Jacinta e Francisco.
O cónego Fernando Silva dedicou muitas horas e dias em trabalho de investigação, perpassando textos, documentários, entrevistas e reportagens de diversa ordem, tanto de apologia à intervenção divina nesses episódios, que ficaram conhecidos pelo ciclo das Aparições, como também à volta de documentação que combateu essas devotas interpretações. Todos os católicos sabem que os fenómenos de Fátima não fazem parte da dogmática proposta pela Santa Sé, mas não se podem desconhecer os variadíssimos fenómenos de natureza mística e espiritual que continuam a afetar, a tocar, a maioria dos peregrinos que demandam Fátima, em busca de sentido para a sua existência. E isso está patente, hoje em dia ainda, a todos os que queiram para lá direcionar o olhar. Fátima foi constituída farol para muitas vidas e esteio para muitas inquietações. Nestes textos leves mas densos, sem qualquer preocupação prosélita e a cada momento interrogadores, o autor propõe a cada leitor uma ajuda para este encontrar a sua própria visão dos factos, e, quem sabe (?!), a resposta para muitas das suas perguntas.