Em tempos de intensificação dos ataques aos direitos dos trabalhadores, através da divisão da classe proletária; de guerras contínuas de caráter colonial; de crescimento dos segregacionismos étnicos e de género alimentados pela extrema direita, além de outras barbaridades promovidas pela crise incontornável do capitalismo, a escrita de Jorge Filho se fortalece como forma de resistência e luta. Em Perfil Clandestino, através de uma escrita tanto mais afiada quanto menos afeita a condescendências retóricas, os poemas expõem problemas políticos e sociais emergentes e fazem coro aos apelos de gente invisibilizada, racializada e violentada pelo patriarcado e pelo liberalismo económico. Esta luta ideológica com as palavras não impede o poeta de fazer um mergulho profundo em seu próprio eu, submetendo os mundos interno e externo a uma investigação crítica que busca desenredar autor e leitor das armadilhas que os condicionam a um mundo de injustiça e desigualdade. Perfil Clandestino é um livro para ser lido em pé, de um só fôlego, como um grito pela liberdade.