«Há vinte anos, quando Alfredo Cunha arquitetou com os seus longos planos uma forma de fixar as pontes, foi sempre este rio de gente que o levou. Os visitantes ocasionais, os habitantes das margens, os pescadores, o último construtor de barcos, a figura abandonada na contemplação do rio. Desta vez seguiu-lhes ainda mais o rasto, subindo pelas ruas que saem do Douro, para fixar como só ele sabe o olhar dos rostos que atravessam o rio e a cidade há séculos. É esse olhar que permanece, tenham as fotos a data da cidade que nesse ano foi capital da cultura ou de quando foi ponto de paragem de uma pandemia. Olhar de quem vê o rio e as pontes como suas, não como ponto de passagem. As pontes que já são parte inteira da idade que deu nome ao vinho que descia pelo Douro até perto do mar, antes de se fazer a outras paragens.» – David Pontes, Introdução
Ler mais
Alfredo Cunha
Nasceu em 1953, em Celorico da Beira. Em 1970, iniciou a carreira profissional em fotografia publicitária e comercial; no ano seguinte, estreou-se como fotojornalista no jornal Notícias da Amadora. Colaborou com os jornais O Séculon e O Século Ilustrado, com a revista Vida Mundial, com a Agência Noticiosa Portuguesa – ANOP e com as agências Notícias de Portugal e Lusa. Foi fotógrafo oficial dos presidentes da República Ramalho Eanes e Mário Soares, e recebeu a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. No jornal Público, foi editor fotográfico entre 1989 e 1997, e integrou o grupo Edipresse como fotógrafo e editor. Em 2000, começou a trabalhar na revista semanal Focus. Em 2002, colaborou com Ana Sousa Dias no programa televisivo Por Outro Lado, da RTP2.
Entre 2003 e 2009, foi fotógrafo e editor do Jornal de Notícias. De 2010 a 2012, foi director fotográfico da Agência Global Imagens. Actualmente, trabalha como freelancer e desenvolve vários projectos editoriais. Do seu percurso, destacam-se as séries de fotografias dedicadas ao 25 de Abril de 1974, à descolonização portuguesa em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Cabo Verde, ao PREC (Processo Revolucionário em Curso, 1974-1975), à queda de Nicolae Ceausescu, na Roménia (1989), e à Guerra do Iraque (2003). Publicou diversos livros de fotografia, entre os quais:
Raízes da Nossa Força (1972), Vidas Alheias (1975), Disparos (1976), Naquele Tempo (1995), O Melhor Café (1996), Porto de Mar (1998), 77 Fotografias e Um Retrato (1999), Cidade das Pontes (2001), Cuidado com as Crianças (2003), Cortina dos Dias (2012), O Grande Incêndio do Chiado (2013), Os Rapazes dos Tanques (2014), Toda a Esperança do Mundo (2015), Felicidade (2016), Fátima, enquanto Houver Portugueses (2017), Mário Soares (2017), Retratos 1970-2018 (2018), O Tempo das Mulheres (2019), A Cidade Que não Existia (2020), Leica Years (2020), A Benção dos Animais (2021), Dedicatória (2021), Museus de Famalicão (2022), Rua do Anjo (2022), Porto, Cidade das Pontes (2023) e 25 de Abril de 1974, Quinta-feira (2024).
Ler mais