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Sinopse

Sem Arco nem Flecha é um poemário em que Flor Campino nos desvela o seu mundo interior. Um mundo que conseguiu construir fazendo o que melhor sabe fazer: criar beleza com as mãos; passa muito tempo construindo uma fabulosa e original obra plástica, trabalhando o couro e as cores, mas também um mundo de beleza através das palavras.

Flor, do seu terraço favorito na Cantareira (Porto), olhando o céu, o voo das aves, as águas do Douro, ou debaixo do limoeiro do seu jardim, e sobretudo naquele quarto de cima, último espaço da casa, entre um escritório, terraço ou miradouro, de onde se avistam as águas do Douro, sempre a casa onde, finalmente, em a sua longa vida, de exílios, viagens, faltas, empregos para sobreviver, encontra as horas doces de partilhar a vida com Fernando e de esperar pela chegada de Ruth.

Nestes locais Flor criou agora um espaço de emoção e memória. Também no acariciar dos gatos e do cachorro, doce herança de família, encontra o que fazer aos

seus dias. Às vezes é assaltada por lembranças da sua antiga infância, da guerra, talvez porque o seu coração se assusta, e então lembra-se dos choupos da sua paisagem infantil destinados ao abate cruel.

A emoção destes poemas recorda a dor e a beleza da tragédia grega. Flor, como uma imensa Hécuba, dedica-nos o seu sofrimento e a sua catarse transformados nestes belos poemas.

Concha López Jambrina (tradutora de Flor Campino)

Não sei de pé ou escada

que ascenda ao delírio

das nuvens. Com as sombras

correm a vasta planície.

Para trás deixam a corpulência

e o pasmo do gado, desnudam

a ardósia imensa do espaço onde,

em letras de fogo, um dedo

escreve palavras ilegíveis.

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Autor

Flor Campino

Flor Campino, artista plástica e poeta, nasceu em Tomar em 1934 e formou-se em pintura na Faculdade de Belas Artes do Porto. Viveu em Argélia e em Paris com a sua filha, Ruth, e o seu marido, o poeta Fernando Echevarria, que sendo filho de mãe espanhola nasceu em Cabezón de la Sal e estudou em Astorga.

Em Paris foi professora e leccionou Língua e Cultura Portuguesa. Como artista plástica, está representada na Fundação Calouste Gulbenkian, na Biblioteca Nacional de Paris, na Fundação Eng. António de Almeida e no Museu de Arte Contemporânea de Tomar.

Como poeta, é autora das obras Aresta das Folhas; O crivo dos dedos; Pérolas de Vidro; O lume dos dias; O Elogio do efémero, Retrato; 31 poemas e 27 poemas.

Tem publicado também livros infanto-juvenis com desenhos e textos da sua autoria.

Vive atualmente na Cantareira, Porto, e desenvolve uma intensa atividade enquanto artista plástica e enquanto poeta e contista.

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