A sinopse deste “SONETOS DE MEU PAI” leva-nos a um doce contacto com a juventude e a natureza envolvente. Em Carrazedo de Tabuaço, na antiga quinta de seu pai, num ambiente estranho para o leitor e, em tempos de Guerra Mundial, o autor percorre e descobre o mundo num turbilhão de ideias, conceitos e credos dando a conhecer parte do seu ser quando diz:
JÁ NÃO SEI SE ME PERCO, SE PERDIDO
HÁ MUITO VOU CALCANDO UM TRILHO ERRADO
NÃO SEI SE ME ENGANEI, SE ENGANADO
SEGURO VOU DE MIM, SEM TER PARTIDO.
Se gosta de poesia, leia. Se nem por isso, leia também. Vai ver que gosta não só de um autor jovem que no meio do quase nada fez o retrato do seu mundo como também procurou dar-lhe luz e uma visão própria do que o rodeava, sonhando com tudo, criando vida e amargura ao mesmo tempo, contando histórias rimadas nos seus horizontes sem fim. Compreendê-lo será mais difícil. Eu que com ele convivi muito tempo, parece-me hoje curto o tempo que com ele passei e por isso só o lembro com saudade infinita.
Não sei se o meu caro amigo e se o que agora escrevo está conforme a sua ideia ou vai de acordo ao pretendido. Desde o princípio que pretendo que o António Vieira da Silva seja mais do que um simples meio de chegar aos leitores, mas sim e principalmente um amigo que me guie nestas lides que desconheço. Aberto a todas as ideias que ajudem a divulgar meu querido pai, envio-lhe o que considero essencial.
Respeitosos cumprimentos.
João Soeiro da Costa.
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João Soeiro da Costa
João Soeiro da Costa nasceu no dia 2 de fevereiro de 1922 em Pinheiro, concelho de Tabuaço. Filho de António Soeiro da Costa e de Eugénia dos Céus Barros Soeiro da Costa. Frequentou o Liceu de Bragança e cursou na antiga Escola do Exército, em Lisboa. Casou com Maria de Lurdes das Neves Soeiro da Costa com quem teve dois filhos Maria Eugénia e João Soeiro da Costa. Foi mobilizado para a Índia onde serviu desde finais de 1948 a 1951, tendo transitado para Boane, arredores de Lourenço Marques hoje Maputo, onde serviu até 1953. Regressou a Lisboa e promovido a capitão, continuou o seu trajeto servindo o exército no Regimento de Infantaria 6 no Porto donde viria a ser chamado para frequentar o Curso Complementar de Estado Maior em Pedrouços, curso que terminou com distinção em 31 de julho de 1960. Fez parte dos primeiros oficiais enviados a Angola para estudo da situação naquela então província ultramarina. Uma embolia interrompeu-lhe a missão e obrigou-o a regresso rápido a Lisboa. Promovido a Major, viria a sofrer posteriormente um acidente vascular cerebral que o impossibilitou de ter uma vida normal. Tinha 39 anos. Durante a sua vida foi professor de Inglês, depois de aprovado com distinção pelo British Council e de Matemática no antigo Lar dos Filhos de Oficiais e Sargentos em Oeiras. Ensinou em outras instituições e em vários aquartelamentos tendo chegado a dirigir um orfeão de mais 200 figuras aquando da sua passagem em Boane, Moçambique. Era um homem para quem a música tinha poucos segredos, um extraordinário guitarrista e um excecional condutor de homens. Um ser de inteligência reconhecida e cultura vasta com quem reconhecidamente se aprendia muito. Cedo, porém, as suas capacidades físicas e mentais desapareceram, mas o que deixou permanece vivo e na atualidade está agora ao alcance de todos os amigos, conhecidos ou desconhecidos. Faleceu a 2 de abril de 1990. Tinha 68 anos.
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