A História de Timor-Leste é necessariamente transnacional.
Acresce que contar uma História transnacional implica o desafio de a declinar de forma plural, transmitida pela pluralidade de actores – protagonistas, testemunhas, figurantes, observadores - e explicada pelas múltiplas perspectivas culturais que contribuíram para a construir e que a fazem projectar-se no presente e futuro.
Actores que os autores bem cuidaram de entrevistar, para dar contexto, tempo, modo e voz/vozes aos factos e enredos que laboriosamente desenterraram dos arquivos.
Assumir a transnacionalidade – e, por consequência, a pluralidade, inclusive linguística de contar a História da autodeterminação de Timor Leste faz todo o sentido. E há muito que fazia falta: vem responder à necessidade de afirmar um entendimento coerente que explique a evolução não apenas de Timor-Leste, mas de todos os outros actores, como Portugal, a Indonésia, a Austrália, outros países europeus, os EUA e as Nações Unidas, interligando as muitas narrativas dispersas, fragmentadas, parciais, quantas vezes superficiais e deslaçadas relativamente ao processo de independência de Timor Leste.
Para além dos estudiosos da História e dos aprendizes da cidadania, é aos práticos da política e da diplomacia que esta História da autodeterminação de Timor Leste muito pode aproveitar.
Ana Gomes
Embaixadora aposentada
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Zélia Pereira
Licenciada em História (Fac. de Letras, Lisboa, 1995) e Mestre em História Social Contemporânea (ISCTE, 1999), cedo se embrenhou pelo mundo dos arquivos, por onde se veio a doutorar (PhD Ciências da Documentação e da Informação, Évora, 2018). Ao longo dos anos, colaborou em vários projetos de investigação na área da História e da Arquivística. Foram precisamente os arquivos que a levaram um dia a aterrar em solo de Timor-Leste ao serviço da Fundação Mário Soares. Ali bebeu água de coco e, em respeito à boa tradição local, quis o destino que Timor teimasse em regressar a si – ou talvez porque, num final de tarde quente em Díli, entrelaçou parte do seu coração nas raízes de um gigante gondoeiro. E assim foi parar um dia ao CES da UCoimbra onde encontrou liberdade para continuar a estudar Timor, desta vez como investigadora no projeto ADeTiL. A autodeterminação de Timor-Leste: um estudo de História Transnacional. O livro que o leitor ora tem entre as mãos resulta do caminho percorrido durante os anos desse projeto, que teve um momento feliz quando o Prémio Aristides de Sousa Mendes 2022 da Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses foi atribuído (ex-aequo) a um trabalho assinado em conjunto com Rui Graça Feijó (reproduzido neste volume).
Ler mais Rui Graça Feijó
(D.Phil Oxon, 1984) é Investigador associado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Desde 2004 tem acompanhado de perto a vida de Timor-Leste, onde viveu em 2005 e 2006, trabalhando como assessor da Presidência da República, tendo depois realizado numerosas visitas de estudo. Escreveu Timor-Leste: Paisagem Tropical com gente dentro (Lisboa, Campo da Comunicação, 2006) bem como numerosos artigos em revistas e capitulos em livros especializados. A sua investigação actual está centrada nas dinâmicas de poder a nível local, compreendendo tanto os sukus e aldeias como as projectadas novas instituições municipais.
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