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Sinopse

Antonio Gamoneda evoca nesta narrativa os seus primeiros anos de vida, marcados pela orfandade, pela pobreza, pela brutalidade da guerra e do pós-guerra civil de Espanha, mas também pela doçura. O mote é assumidamente proustiano: depois da morte da mãe, o poeta decidiu abrir o armário cujo conteúdo, que só ela conhecia, permanecia envolto na sombra: «Mergulhei a cabeça na escuridão do armário e então aconteceu algo que me envolveu na sua realidade física: senti o cheiro da minha mãe. Viva.» O inventário do recheio do armário desencadeia uma série de recordações que se convertem em história e narração. O relato cobre os primeiros 14 anos de vida do poeta, altura em que começa a trabalhar como recadeiro numa instituição bancária, e atravessa um período crucial da história da Espanha contemporânea. Órfão de pai, Antonio muda-se com a mãe para León em 1934, onde a família é acolhida por parentes. Com as escolas fechadas devido à guerra, Gamoneda aprende a ler pelo único livro que havia em casa, o livro de poemas que o pai, também poeta, publicara. Das humilhações que a indigência impunha, da sua passagem por um colégio de frades agostinianos - que não se distinguiam pela castidade -, da sangrenta repressão durante a guerra civil, da abnegação de uma mãe sem outro consolo além do filho, de tudo isto o leitor encontrará um vívido e desassombrado relato nas páginas deste livro.

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Autor

Antonio Gamoneda

Antonio Gamoneda (n. 1931) é uma das figuras maiores da poesia contemporânea. Viveu toda a sua vida em León, e esta cidade marcou profundamente a sua trajetória poética. Trabalhou no Banco Mercantil durante mais de vinte anos e foi parte ativa na resistência intelectual ao franquismo. Poeta singular, a receção da sua obra foi lenta e difícil. Em 2005, venceu o Prix Europeén de Litterature, e, em 2006, foi‑lhe atribuído o Prémio Cervantes, galardão máximo das letras em língua espanhola.

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