João de Araújo Correia (1899-1985) é um dos autores mais representativos da literatura portuguesa do Século XX. A ele se referiu Aquilino Ribeiro como «O mestre de nós todos». Apesar de ter sido um médico ativo, dando sobre esta atividade um testemunho importante na conferência “Depoimento de João Semana sobre a Vida Clínica na Aldeia” (1944), notabilizou-se como contista, cronista e novelista, tendo ainda editado um volume de poesia intitulado Lira Familiar e textos dispersos de reflexão sobre a cultura e a língua portuguesa, sendo um firme defensor da pureza desta. (…) nos seus contos cruzam-se todas as figuras autênticas do mundo genuíno que o rodeia: o homem afeiçoado à terra, por avidez perversa ou por apego espontâneo, o vagabundo alienado ou honrado, o padre, o cavador, o poeta, o empregado, o médico, o advogado, o professor primário, o fidalgo de rompantes que lembram o plebeu e o plebeu que aspira a fidalgo, o autoritário e o simples, o somítico e o caridoso, o santo e o perverso, e as mulheres que libertam ou que perdem, conformadas ou revoltadas, apaixonadas ou levianas. Estas figuras e os conflitos que procriam, com seus encontros e desencontros, dados através duma ferramenta expressional de admirável eco, que sabe moldar-se aos dizeres humildes e castiços e elevar-se às alturas do verbo poético, têm talvez o seu equivalente num mundo acima do real a que muitas das personagens aspiram e que é o realismo de João de Araújo Correia. In “Nota sobre João de Araújo Correia e o conto ‘Milagre’
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António José Borges
António José Borges, licenciado em Ensino de Português e Alemão, mestre em Ensino da Língua e Literatura Portuguesas e doutorando em Estudos Portugueses, tem lecionado, sobretudo, Português e Literatura Portuguesa no ensino público e privado e é investigador no CLEPUL da Universidade de Lisboa, onde coordenou ciclos de conferências e dirige o "Dossier Escritor" da revista Letras Com Vida. Viveu um ano na Alemanha, onde estudou na Ruhr-Universität Bochum, e lecionou durante dois anos Literatura Portuguesa Contemporânea e Teoria da Literatura, entre outras disciplinas, na Universidade Nacional Timor Lorosa'e, em Díli, Timor-Leste. É vice-diretor da Revista "Nova Águia".
Foi cronista permanente na revista Tribuna Douro e contista no jornal timorense Semanário e tem colaborado em revistas e jornais nacionais e estrangeiras, entre as quais: Navegações (Brasil); Espacio/Espaço Escrito – Revista de literatura en dos lenguas (Galiza); O Escritor (APE); Mealibra (Círculo Cultural do Alto Minho); Humanitas (Universidade de Coimbra); Douro – Estudos e Documentos (Faculdade de Letras da Universidade do Porto); Terra Feita Voz (Círculo Cultural Miguel Torga); Geia (Revista da Tertúlia de João de Araújo Correia); DiVersos; Letras Com Vida (CLEPUL), Nova Águia, Revista de Letras (UTAD), Foro das Letras, Submarino (Univ. de Turim, Itália), As Artes entre as Letras, Jornal de Letras e Ecos do Oriente, entre outras publicações de poesia e conto e em antologias portuguesas, de crónica e ensaio em Itália e no Brasil. Além do Português, está publicado em Tétum, Inglês, Castelhano e Italiano.
Foi Membro do Júri do Prémio de Literatura (modalidade de ficção) Cidade de Almada (2010) e do Prémio de Poesia do Festival de Literatura e Filosofia de Fátima: Tábula Rasa (2015 e 2017). É colaborador permanente no jornal As Artes Entre as Letras.
É autor dos livros: Timor – As Rugas da beleza (crónicas, 2006); de olhos lavados / ho matan moos (poesia – edição bilingue, com tradução para Tétum de Abé Barreto Soares, e ilustrações de Piera Zurchter, 2009); José Saramago – da Cegueira à Lucidez (ensaio, com prefácio de Miguel Real, 2010), Fármaco (poesia, 2012), Agulhas de Água (poesia, 2016), Peito à janela sem coração ao largo (crónicas, 2019) e Diacrónicas (crónicas e ensaios, 2020). Tem no prelo o livro de ensaios Um José Saramago.
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