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Sinopse

Publicado pela primeira vez em 1959, Uma Vida Violenta foi unanimemente considerado pela crítica italiana um dos romances mais importantes do pós-guerra. Juntamente com Ragazzi di Vita (e os filmes Accatone e Mamma Roma), este livro assinala o aparecimento de uma realidade social que não recebera ainda expressão literária: a emergência de um subproletariado da periferia romana, um universo degradado surgido de uma cidade destruída pelos bombardeamentos da segunda guerra mundial e alimentada pelas vagas migratórias do êxodo rural que se seguiu à guerra.
Uma Vida Violenta é uma narrativa cruamente realística, onde os personagens, jovens marginais cínicos e amorais, são ao mesmo tempo redimidos pela sua humanidade infantil, primitiva, quase instintiva. Uma tal proposta, que talvez hoje seja vista como o retrato de um passado esbatido dos seus aspectos mais chocantes, não poderia deixar de escandalizar na época. Quando em 1959 lhe foi atribuído o "Prémio Literário Città de Crotone" (por um júri de que faziam parte Carlo Emilio Gadda, Moravia, Ungaretti, Bassani, De Benedetti) gerou-se um verdadeiro terramoto de indignação e críticas, sobretudo das organizações católicas, mas também do Partido Comunista. Tão controverso como o seu autor, este romance é indubitavelmente uma obra fundamental da literatura da nossa época, e indispensável para conhecer a inteira dimensão da obra pasoliniana.
Longe de servir efeitos coloridos e pitorescos, o calão foi aqui utilizado por Pasolini para dar uma representação "lúcida e impiedosa das pessoas e dos actos, do ambiente e da fatalidade" dos subúrbios romanos, no dizer de Carlo Emilio Gadda.

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Autor

Pier Paolo Pasolini

Pier Paolo Pasolini nasceu a 5 de março de 1922 em Bolonha. Filho de um militar, seguiu o pai nas várias mudanças de terra, mas frequentou o liceu e a faculdade em Bolonha, onde teve foi aluno de Gianfranco Contini e Roberto Longhi. Passava os Verões em Casarsa, na região do Friuli, cidade de origem da mãe. Aí se refugiou, em 1943, para fugir à incorporação no exército. Compôs os primeiros poemas em dialecto friulano, Poesie a Casarsa (1942), publicados mais tarde, com outros textos friulanos, em La Meglio Gioventù (1958). Em 1945, soube que o irmão mais novo, Guido, tinha sido morto pelos titistas num conflito entre dois grupos de partigiani. Em 1947, inscreveu-se no Partido Comunista. Trabalhou como professor, numa aldeia perto de Casarsa, mas seria despedido e expulso do PCI por um obscuro episódio de alegada corrupção de menores. Esse foi o primeiro de uma enorme lista de processos (mais de 30) que deram a Pasolini a consciência da sua diversidade e marcaram o seu destino de marginalizado e rebelde.

Devido ao escândalo, em 1949, teve de deixar Casarsa, com a mãe (a relação com o pai já estava estragada), e mudou-se para Roma, vivendo primeiro na periferia e ganhando a vida com explicações e ensino em escolas particulares. A descoberta do mundo do sub-proletariado romano inspirou-lhe - para além de poemas em As Cinzas de Gramsci (1957) e A Religião do Meu Tempo (1961) ( escritos depois de O Rouxinol da Igreja Católica (1943 - 1949, ou seja, antes de As Cinzas de Gramsci) - sobretudo os romances Vadios (1955) e Uma Vida Violenta (1959), que provocaram grande escândalo, mas lhe asseguraram o primeiro êxito literário. Com os antigos colegas da faculdade Francesco Leonetti e Roberto Roversi dirigiu, entre 1955 e 1959, a revista Officina, onde colaboraram, entre outros nomes importantes da militância crítica, Franco Fortini e Paolo Volponi.

Começou entretanto a sua atividade no mundo cinematográfico: colaborou em alguns guiões (entre as quais As Noites de Cabiria de Federico Fellini e La Notte Brava ou O Belo António de Bolognini), e a partir de 1961, realizou vários filmes entre os quais Accattone (1961), Mamma Roma (1962), La Ricotta (1962), Comizi d'Amore (1964), O Evangelho Segundo Mateus (1964),Passarinhos e Passarões (1966), Édipo Rei (1967), Teorema (1968), Medeia (1969), Pocilga (1969) Decameron (1971), Os Contos de Cantuária (1972) As 1001 Noites (1974) e Salò ou os 120 Dias de Sodoma (1975).

Nos anos 60. publicou Il Sogno di Una Cosa (escrito em 1949), mais poemas (Poesia in Forma di Rosa, 1964, Trasumanar e Organizzar, 1971), e foi muito ativo como crítico em vários diários e revistas (entre outras, dirigiu com Alberto Moravia e Alberto Carocci a Nuovi Argomenti), atividade que, depois da coletânea Passione e Ideologia, esteve na origem de muitas publicações, parcialmente póstumas: Empirismo Herético (1972), Escritos Corsários (1975), Descrizioni di Descrizioni (1979).

Para além de várias peças inacabadas que escreveu na juventude e da tradução de cássicos (Ésquilo, Plauto), a sua produção teatral é composta por seis tragédias, cinco delas escritas em 1966: Calderón, Afabulação, Pílades, Pocilga, Orgia e Besta de Estilo que começou a escrever em 1966 e prosseguiu até 1973, tendo ficado inacabada.

Pier Paolo Pasolini morreu assassinado, em Ostia, em 1975.

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