O crime por que foi condenado o Dr. Vicente Urbino de Freitas, em decisão proferida no Tribunal de S. João Novo, do Porto, na madrugada de 01.12.1893, despertou no público um interesse sem precedentes, mantendo-se até hoje divididas as opiniões entre os que defendem a sua inocência e os que o veem como um médico sem escrúpulos, capaz de envenenar a família da esposa para engordar a herança. Durante os 20 anos seguintes carregou sozinho no degredo e no exílio o peso dessa sentença, sem nunca deixar de se proclamar inocente. Em 1913 pôde finalmente voltar a Portugal, vindo a morrer inesperadamente cerca de três semanas depois e deixando por esclarecer o mistério sobre o que terá verdadeiramente acontecido no Porto por aqueles dias que precederam a Páscoa de 1890.

Originalmente conservado pela viúva do seu irmão, surge agora a público um espólio documental inédito, onde se incluem mais de 200 cartas, compreendendo muita correspondência confidencial e mesmo secreta, e ainda outros manuscritos, que ajudam a compreender as manobras de bastidores e o desfecho do processo judicial.