Todos os dias, a Verbena e o Colibri encontram-se durante uns instantes. Partilham conversas, amizade e as suas visões do mundo. As suas perspetivas parecem opostas, mas, na verdade, complementam-se. Dos criadores de Porque choramos e Porque temos medo chega uma nova história sobre o movimento e a quietude, o fazer e o não fazer, a observação e a aceitação.
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Fran Pintadera
Vivo num vale com cheiro a laranja. Em pequeno, curiosamente, esta era a minha cor favorita.
Hoje, uns quantos anos depois, desfruto de outras cores que surgem no meu caminho: o vermelho que habita o fogo, o rosa que veste as amendoeiras, a tinta negra sobre a folha em branco.
Tal como acontece com este livro, eu também tive e tenho os meus medos. Se me dás licença, vou contar-te um deles:
Durante algum tempo, quando acabava de escrever um conto ou um poema, achava que seria o último. Que talvez tivesse ficado sem ideias. Sem nada que contar. Tinha medo de que não me ocorressem mais histórias.
Naquela época, pensava que os relatos e os versos que escrevia surgiam da minha cabeça. Pouco a pouco, aprendi que as grandes histórias não vêm da mente, mas sim da vida. E que a vida é inesgotável.
É por isso que este medo já se foi. Porque estou convencido de que enquanto houver fogo e amendoeiras para contemplar, continuarão a nascer histórias que mereçam ser contadas.
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